Trinta e dois telefonemas foram suficientes para indiciar por 13 vezes o vereador licenciado José Alvercino Ferreira (PP) por crimes de advocacia administrativa no inquérito da Operação Parada Obrigatória 2, entregue pela Polícia Civil à Justiça na última semana e que está sendo analisado pelo Ministério Público.
Continua depois da publicidade
Os telefonemas eram feitos por empresários, funcionários públicos, comerciantes, cidadãos comuns e evidenciam a maneira como o vereador supostamente agiria. Era, na maioria das vezes, procurado por pessoas que tinham sido multadas ou tiveram carros apreendidos por agentes da Codetran.
:: Parada Obrigatória: O esquema que envolveria a imprensa de Itajaí
Se o caso era de multa, Zé Ferreira ligava para uma funcionária do órgão – que chegava até a anotar os nomes de quem pediam os favores em um caderno – que teria providenciado as baixas. Em caso de apreensões de veículos, ele recorria ao empresário Julio Cesar Fernandes, dono do pátio que presta serviço à prefeitura ou ao funcionário do guincho que estivesse atendendo no momento.
Continua depois da publicidade

Nas conversas, fica exposta a naturalidade com que os crimes teriam ocorrido. O vereador faz piada com Julio Cesar, pede votos a uma interlocutora – que responde que aceitaria até fazer panfletagem na Hercílio Luz – chama quem está do outro lado da linha de “cheiro”, “amore”, “ô bonito”.
– “Tu tais aí dentro da Codetran?” – teria perguntado Zé em um telefonema de 12/9/2013.
-“Tô” – responde o interlocutor.
– “Então sai de fininho. Já falasse com alguém?” – questiona o vereador.
Ao ouvir o homem receoso de que houvesse algum problema em liberar o carro apreendido, Zé trata de despreocupá-lo:
Continua depois da publicidade
– “Dá pra fazer, só que aí eles são uns encrenqueiros. Depois que eu saí, cara, tá de f… o olho da égua, entendeu?” – diz o vereador.

Continua depois da publicidade