As investigações envolvendo o suposto esquema de “rachadinha” no gabinete do vereador Nado (PSD), de Joinville, apontam que a corrupção servia para pagar funcionários informais, fora da lista de assessores parlamentares. As informações foram divulgadas em coletiva de imprensa da Polícia Civil na manhã desta sexta-feira (19).

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De acordo com o delegado Pedro Alves, responsável pelo caso, Nado utilizava o dinheiro dos assessores para pagar os funcionários informais, que seriam pessoas de confiança do vereador. Ao menos 20 pessoas são investigadas.  

— Não tem valor exato do que era tirado, o pagamento era feito de várias formas e valores. Pode ser Pix ou dinheiro — explica o delegado.

Veja fotos da operação

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Conforme Pedro, as investigações começaram em 2023, após uma denúncia anônima. Os casos de rachadinha, porém, teriam começado em 2021, no início do mandato de Nado. Ele ocupou a vaga deixada por Osmar Vicente (à época no Partido Social Cristão, que se incorporou Podemos), que teve o mandato cassado após o partido Democratas ter todas as candidaturas indeferidas pela Justiça Eleitoral.

O delegado, entretanto, não sabe se o político pedia ou obrigava os funcionários a pagar a “mesada”.

Segundo Pedro Alves, o vereador tinha pessoas responsáveis por abordar as pessoas e recolher o dinheiro. Além disso, houve apreensão de celular, computador e cadernos de anotações com os suspeitos.

Ele ainda ressalta que as investigações não descartam a participação de outros políticos da cidade no esquema de corrupção. 

Investigações em Joinville e Palhoça

Mais de 25 mandados foram cumpridos pela Polícia Civil durante a Operação Backbone, na última quinta-feira (18), que tem o vereador Nado como alvo. 

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Conforme o delegado Pedro Alves, um dos investigados atuava em Joinville, mas também tinha casa em Palhoça, onde foi cumprido um mandado de busca e apreensão.

— Todos os mandados foram em ambientes residenciais, exceto na Câmara — pontua. 

Conforme o delegado, as investigações devem continuar sobre o caso. 

O que diz o vereador

Em entrevista exclusiva à CBN Joinville, o vereador Nado disse que o caso “Não passa de um engano”. Por conta da investigação, a casa do vereador e a Câmara de Joinville foram alvos de mandados.

— Uma situação que você jamais imagina. O que eu acredito é que é ano eleitoral, nosso mandato está muito bem e sempre existem falsas denúncias. Vamos colaborar com a polícia. Abrimos a casa, dei a senha do meu celular, abrimos nosso gabinete, demos aparato total para investigar tudo. Agora, vamos esperar o desfecho. O problema vai ser reverter a situação porque acusar é fácil, agora dizer que era inocente — relatou o vereador.

Nado é vereador desde 2021

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Nado alega que é inocente e que ainda não tem mais informações sobre as denúncias. O vereador afirmou que só soube do teor da investigação, que seriam as rachadinhas, por meio da imprensa.

— Quando eles abrirem meu celular, vão ver quanto bem nós fazemos para as pessoas. Agora, muitos não fazem isso e querem passar a perna, quer derrubar aqueles que estão fazendo. Alguns para chegar ao sucesso passam a perna nos outros. Porque em seis meses a gente tem eleições municipais aqui em Joinville novamente — indicou Nado sobre o que teria motivado a investigação.

A atuação de intermediadores no esquema criminoso é o motivo pelo qual se denominou a operação policial como “backbone”, ou seja, espinha dorsal.

— Mas eu quero que a polícia investigue e realmente lá na frente vão ver que tudo não passou de um engano — disse o vereador.

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Câmara se manifesta

Em nota, a Câmara informou que a operação está sendo realizada em um único gabinete de vereado e não tem ligação com a estrutura do Poder Legislativo como um todo.

Veja nota da Câmara

“Nesta manhã (18/04), por meio da 3ª DECOR – Delegacia de Polícia Especializada no Combate à Corrupção, a Polícia Civil deflagrou, uma operação que apura a suposta prática de conduta popularmente conhecida como “Rachadinha”. Entre os locais está a Câmara de Vereadores de Joinville.

Informamos que a Operação está sendo realizada em um único gabinete de um vereado, em específico, e não tem ligação com a estrutura do Poder Legislativo como um todo.

Os Policiais estão no prédio da Câmara para a realização da operação Backbone e no cumprimento do dever o Legislativo está colaborando.

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Até o momento, são as informações a serem repassadas”.

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