O vereador de Joinville Mauricinho Soares (MDB) foi preso novamente na noite desta sexta-feira (8), na Câmara de Vereadores. É a segunda vez, em oito dias, que o político é preso. A prisão tem ligação com os casos de corrupção no Detran, que tem relação com a liberação irregular de carteiras de motoristas suspensas pelo Departamento de Trânsito.
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Mauricinho foi preso preventivamente e deixou a Câmara na viatura da Polícia Civil. Em 30 de novembro, ele foi preso por posse ilegal de arma. No mesmo dia, o político pagou fiança de R$ 12 mil e deixou a prisão.
Conforme o delegado Pedro Alves, responsável pelo caso, a segunda fase da Operação Profusão fez descoberta de elementos que demonstram de modo contundente a atuação do grupo criminoso que cometia crimes de falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistema de informações, e organização criminosa.
Na sessão da última terça-feira (5), o político do MDB se manifestou no plenário sobre o caso, no qual disse que a arma era de um amigo que já morreu, e que precisa defender sua família. Já na quarta-feira (6), ficou decidido que o vereador Mauricinho Soares (MDB) terá dez dias para apresentar defesa após ser notificado formalmente pelo grupo da Casa. Entretanto, o caso não deve ter desfecho em 2023.
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Isso porque se a notificação formal acontecer ainda nesta quarta-feira, significa que o prazo da defesa termina em 16 de dezembro, um sábado, sendo que o recesso parlamentar começa oficialmente no dia 17, domingo. Portanto, o caso deve ter desfecho apenas no ano que vem, após o dia 31 de janeiro. O conselho de ética tem 180 dias corridos para finalizar os trabalhos.
A reportagem tentou contato com a defesa de Mauricinho, mas não teve retorno até a publicação desta notícia.
Entenda a operação da Polícia Civil
De acordo com Rafaello Ross, delegado regional da Polícia Civil, a ação conduzida pela Decor tem relação com a liberação irregular de carteiras de motoristas suspensas pelo Departamento de Trânsito. Nesta operação de âmbito policial, três pessoas foram presas, entre elas, Mauricinho, pela posse da arma de fogo, um despachante e outro funcionário terceirizado do Detran.
A investigação iniciou em janeiro deste ano e, no decorrer da apuração, foram descobertas mais de 100 condutas criminosas. De acordo com o delegado Ross, em três meses, foram auditados 60 processos de liberação de CNH a condutores impedidos de dirigir com envolvimento dos suspeitos. Desses, 58 apresentaram irregularidades.
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Ao todo, seis são investigados nesta operação por crimes de falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistema de informações e organização criminosa. Entre eles, Mauricinho, um despachante, dois terceirizados do Detran e dois ex-funcionários, que participavam do esquema mesmo após terem deixado o órgão.
Além das prisões, também foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão e duas ordens de suspensão de atividades de empresas que atuavam em Joinville e Araquari do ramo despachante. Nos endereços, foram apreendidos aparelhos eletrônicos, especialmente telefones celulares, e documentos relacionados aos fatos sob apuração.
Entenda a operação do Gaeco
Já a ação do Gaeco não teve prisões, mas cumpriu 28 mandados de busca e apreensão. Neste caso, o Ministério Público apura crimes contra a administração pública, como peculato, corrupção ativa, corrupção passiva, falsidade ideológica e sonegação fiscal, que teriam sido praticados entre os anos de 2016 e 2020, no contexto do programa de pavimentação comunitária.
Conforme as investigações da promotoria, subprefeituras de diferentes localidades da cidade foram distribuídas para livre indicação política pelos vereadores das respectivas regiões. Se utilizando dos prédios públicos, os parlamentares investigados teriam facilitado contratações para pavimentação de ruas da cidade, indicando, inclusive, empreiteiros para que executassem os serviços.
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Entre os parlamentares beneficiados pelo esquema, segundo o MP, ficou evidente a liderança do vereador Cláudio Aragão, que atuou como líder do poder executivo municipal junto à Câmara do município. Aragão seria notoriamente conhecido como “Rei da Lajota”.
A investigação por parte do Gaeco iniciou em 2021 e apura suposta organização criminosa composta por vereadores e agentes públicos do poder executivo municipal, além de empreiteiros do setor de pavimentação.
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