O presidente da Câmara de Vereadores de Canoinhas, no Planalto Norte catarinense, foi surpreendido nesta terça-feira (29) de manhã ao saber que precisaria assumir a prefeitura da cidade. Com a prisão do prefeito, Beto Passos (PSD), e o vice, Renato Pike (PL), o vereador Willian Godoy (PSD) precisou tomar a cadeira de forma interina com urgência.

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— A gente se surpreendeu, porque nós trabalhamos no dia a dia junto da administração pública, junto aos secretário, e com certeza uma informação que vem como essa a gente fica incrédulo, acha que é uma brincadeira de mau gosto. Mas, infelizmente, é a realidade — disse Godoy em entrevista à NSC TV.

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O jovem vereador de 27 anos assumiu a prefeitura depois que Passos e Pike foram presos na sétima fase da Operaçao Et Pater Filium, do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organização (Gaeco) do Ministério Público de SC. A grande operação deflagrada nesta terça movimentou mais de 140 agentes no cumprimento de 14 mandados de prisão – oito preventivas e seis temporárias – e 47 mandados de busca e apreensão.

Além de Canoinhas, os 14 mandados de prisão e 47 de busca e apreensão foram cumpridos nas cidades Bela Vista do Toldo, Itaiópolis e Porto União, no Planalto Norte catarinense, e Bituruna, no Paraná.

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Godoy destacou que usou o primeiro dia de mandato interino para conversar com secretários e servidores da prefeitura, além de buscar as poucas informações disponíveis sobre a operação que prendeu o prefeito e o vice:

— Como corre em segredo de Justiça, não tenho muitas informações. O que tenho é que precisamos seguir com os serviços municipais. É inevitável que ocorra a dúvida na nossa população, mas a gente quer assegurar seriedade no trabalho.

A operação

Nesta sétima fase da Operação Et Pater Filium são apurados crimes de organização criminosa, peculato, fraudes à licitação, corrupção e lavagem de dinheiro referentes a contratos de prestação de serviços nas áreas de educação e infraestrutura.

A ação, realizada pelo Ministério Público de SC, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organização (Gaeco), conta com mais de 140 agentes, entre policiais e demais forças de segurança pública, além de integrantes do Gaeco do Paraná, do Instituto Geral de Perícias (IGP) e da Secretaria da Administração Prisional. 

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Esta força-tarefa é fruto do desdobramento das investigações realizadas das fases anteriores da Operação Et Pater Filium em que se apuraram crimes contra a administração pública e outros na região do Planalto Norte, envolvendo agentes públicos e particulares.

Em agosto de 2020, o prefeito Orildo Antônio Servegnini, de Major Vieira, e o filho dele, Marcus Vinícius, foram presos na operação Et Pater Filium. Na ocasião, o prefeito também era presidente da Federação Catarinense de Municípios (Fecam). Orildo e Marcus, inclusive, foram condenados a 57 e 41 anos, respectivamente, pelos crimes.

O MP afirmou que havia suspeitas de uma ligação próxima entre empresários e funcionários públicos para direcionar as contratações públicas, a maioria no ramo de construção civil, para empresas parceiras em troca do pagamento de vantagens ilícitas aos agentes públicos, causando danos milionários aos entes públicos.

Em julho de 2021, o prefeito Adelmo Alberti, de Bela Vista do Toldo, também foi preso na quarta fase da operação Et Pater Filium. No último dia 25, a esposa dele, Maria Emília Schiessl Alberti, também foi presa durante a quinta fase da mesma operação.

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Trechos da denúncia do Ministério Público contra Alberti, divulgados pelo portal JMais, mostram que o prefeito teria supostamento utilizado empresas em nomes de laranjas em contratos públicos. Em uma negociação gravada, o MP aponta que Alberti teria recebido dinheiro de propina e guardado o envelope na cueca.

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