Do alto dos costões de pedras das praias de São Francisco do Sul, a vista revela paisagens belíssimas. Mas para ter direito de contemplar o mar de uma altura privilegiada – e registrar o momento em fotografias – são necessários cuidados para evitar que o passeio termine com um acidente. É comum que, principalmente durante a temporada de verão, sejam registrados arrastamentos das pedras para o mar, envolvendo turistas e pescadores.

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Desde o início da Operação Verão, em novembro de 2015, o 7º Batalhão da Polícia Militar registrou 365 arrastamentos (que incluem as quedas de costões e os acidentes envolvendo a lateral dos costões e da praia), do litoral de Itajaí a São Francisco do Sul.

No fim do ano passado, por exemplo, um homem de aproximadamente 50 anos morreu afogado após cair do costão da Praia Grande. Nesta semana, outro homem de 49 anos teve mais sorte: caiu do costão do Sambaqui, entre a Prainha e a praia Grande e, com a ajuda do irmão, conseguiu voltar para as pedras, mas sofreu ferimentos e fraturas e precisou ser socorrido pelo helicóptero Águia, da Polícia Militar de Joinville.

– É um erro comum entre as vítimas de arrastamento tentarem voltar para as pedras, mas é arriscado, porque elas podem causar ferimentos que tornarão a queda fatal – afirma o sargento Alexandre Lopes de Souza, que atua há mais de duas décadas nas praias de São Francisco do Sul.

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Segundo ele, o procedimento correto ao cair do costão é tentar se afastar das pedras e das ondas de arrebentação, buscando o retorno à praia e permitindo que as ondas o levem novamente à faixa de areia. Desta forma, o salvamento pelos salva-vidas também se torna mais fácil. O costão, além do risco de impacto contra as pedras, levando à possibilidade de traumatismos, tem cracas (espécie de planta que, no início do desenvolvimento, faz parte do plâncton), além de moluscos como conchas e mariscos. Eles tornam a subida mais difícil, machucando a vítima que tenta escalar as pedras.

– Para isso acontecer, é claro que o ideal é que a pessoa saiba nadar, mas raramente a vítima tem este conhecimento – lamenta o sargento.

– E, mesmo que saiba nadar, o correto é ficar longe da linha da água, claro, para que a queda não aconteça. Às vezes, a colisão com as pedras na hora da queda nem permite que a pessoa tenha a chance de se salvar.

Na quinta-feira, o francisquense John Lennon, 23 anos, levava um grupo de primos e os respectivos namorados e namo- radas para conhecer as praias da cidade. Eles vieram de Barracão (RS) e marcaram o costão Sam- baqui entre os pontos turísticos visitados e fotografados.

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O grupo não arriscou chegar muito perto da linha da água para fazer fotos, mas, mesmo assim, poucos minutos depois do registro, o local onde eles haviam dado as costas para o mar já era atingido pelas ondas.

– O mar não é uma ciência exata. A ondulação é uma energia, se dissipa em alguns pontos, mas em outros bate direto e com força nas pedras. Pode mudar de altura a qualquer momento – explicou o sargento Alexandre.

No grupo de jovens do RS, metade sabia nadar e afirmou es- tar preparadas: em caso de uma onda atingí-los deveriam se abaixar e agarrar em um ponto fixo.

Confira as orientações do Corpo de Bombeiro Militar

– Evite a linha de água entre as pedras e o mar, pois as ondas podem mudar de tamanho a qualquer momento.

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– Nunca dê as costas para o mar. A maioria das vítimas de arrastamento foi pega de surpresa e, por isso, não conseguiu evitar a queda.

– Não esteja sozinho no costão. Se acontecer um acidente, alguém precisa pedir socorro.

– Não tente resgatar alguém que caiu. Lance algum objeto que a ajude a vítima a flutuar e acione salva-vidas.

– Não superestime sua capacidade de nadar. Avalie as consequências de um possível incidente.

– Crianças exigem cuidado redobrado. Não as perca de vista.

– Em caso de arrastamento e queda, não tente retornar às pedras. Nade para fora da arrebentação das ondas e tente ir em direção à praia.