A repercussão do impeachment do então presidente paraguaio Fernando Lugo, no início da noite desta sexta-feira, repercutiu de maneira intensa na América Latina. Alguns líderes repudiaram o episódio, casos de Hugo Chávez, da Venezuela, que classificou o ato como uma “farsa”.

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– Assim são as burguesias deste continente – declarou ao jornal ABC Color, de Assunção, recordando o golpe de Estado ocorrido na Venezuela, em abril de 2002.

Sigfrido Reyes, presidente do parlamento de El Salvador, falou que a deposição de Fernando Lugo “vulnera a ordem democrática” no país.

– É um fato que claramente vulnera a ordem democrática e constitucional do Paraguai porque foi um processo totalmente súbito, no qual não foi permitido ao presidente o direito de defesa – falou Reyes à Rádio Nacional de El Salvador.

O chanceler chileno Alfredo Moreno também criticou a ausência de defesa plena para Fernando Lugo.

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– Claramente, não foram cumpridos os padrões mínimos, a legítima defesa que merece qualquer pessoa. E isso nos preocupa.

Além deles, a presidente Argentina Cristina Kirchner conceituou a destituição como um “golpe de Estado”. Rafael Correa, do Equador, e Evo Morales, da Bolívia, já declararam que não reconhecem o governo de Federico Franco. A Costa Rica também repudiou o episódio.

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Entenda o caso

Ex-bispo católico, Fernando Lugo foi eleito presidente do Paraguai em 2008. O motivo para o pedido de impeachment – proposto ao meio-dia de quinta-feira e aprovado no final da tarde de sexta, 22 de junho – é o “mau desempenho de suas funções”.

A maior razão que levou a oposição a desencadear o processo foi a execução de seis policiais e 11 sem-terra em um confronto que ocorreu no dia 15 de junho, em Curuguaty, a 250km da capital Assunção.

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A Câmara dos Deputados aprovou o pedido de julgamento político para destituir Lugo – por 76 votos a um. Na sequência, o Senado confirmou a decisão final para o impeachment para as 17h30min desta sexta. A condenação dependia da aprovação de 30 dos 45 senadores (dois terços).