A Venezuela está à beira de uma moratória de sua dívida externa, estimada em 150 bilhões de dólares, com baixas reservas financeiras e uma assustadora crise econômica que devem dificultar o pagamento dos vencimentos milionários deste fim de semana.

Continua depois da publicidade

A seguir, o que é e quais as consequência de uma moratória.

– Quando ocorre a moratória, ou cessar de pagamentos?

Um país é considerado em interrupção de pagamentos, ou moratória, quando não cumpre total ou parcialmente com seus credores – que podem ser locais, estrangeiros e até organismos como o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Continua depois da publicidade

No caso da Venezuela, o que está em jogo são créditos de investidores privados.

Caracas deve pagar nesta sexta-feira (9) cerca de 81 bilhões de dólares de um bônus da sua petroleira estatal PDVSA. Até o fim do ano, tem outros vencimentos por um total de 1,47 bilhão de dólares. E em 2018, terá que pagar cerca de 8 bilhões.

Atualmente, as reservas da Venezuela são de 9,7 bilhões de dólares.

As moratórias não são algo raro. Segundo a agência de classificação S&P Global Ratings, desde 1999, houve 26 no mundo – e alguns países enfrentaram essa situação mais de uma vez.

– Quem declara ou constata uma moratória?

Há diversas formas de declarar ou constatar uma moratória.

O governo pode anunciar que não honrará seus pagamentos e automaticamente cai em cessação de pagamentos.

Continua depois da publicidade

A moratória também pode ser declarada por uma agência classificadora, como Moody’s, Fitch, ou S&P, que comunica publicamente que tal país não pagou e, por isso, o considera em default.

Uma terceira possibilidade é que um credor privado anuncie que a Venezuela não lhe pagou.

E outra opção é que seja anunciado por um organismo como o ISDA, entidade baseada nos Estados Unidos que atua como um vigia das dívidas soberanas.

– Quais são as consequências?

Para um país em moratória, a primeira consequência é se tornar um pária dos mercados financeiros internacionais. Não consegue créditos, ou apenas sob taxas astronômicas.

Continua depois da publicidade

No caso de Caracas, Washington ainda proibiu em agosto a negociação de novos bônus da dívida da Venezuela e da PDVSA.

Os credores podem, eventualmente, embargar ativos no exterior. Para a Venezuela, o mais importante é a Citgo, sediada nos Estados Unidos, que refina e comercializa gasolina no país.

Entre os principais credores da Venezuela estão China e Rússia, mas também investidores, a maioria dos Estados Unidos, seduzidos pelos altos rendimentos prometidos por Caracas, diante da má fama de sua dívida.

Continua depois da publicidade

No plano judicial, um país em moratória fica exposto a eventuais represálias dos países onde vivem seus credores.

Além disso, o país passa a ser identificado como “mau pagador”, o que complica e encarece a obtenção de novos fundos.

O FMI poderia promover um resgate, mas essa possibilidade não está sendo considerada por Caracas atualmente. A Venezuela ainda integra o FMI, mas cortou suas relações com o organismo há 10 anos.

Continua depois da publicidade

– Restruturar ou refinanciar?

Quando um país cai em moratória, pode refinanciar ou restruturar sua dívida para modificar as condições do crédito que não consegue enfrentar.

Normalmente, o refinanciamento implica em um acordo entre as partes para modificar prazos, estabelecer períodos de carência, etc. Já em uma restruturação, o devedor impõe obrigatoriamente novas condições ao credor.

A Venezuela marcou para segunda-feira, em Caracas, uma reunião com seus credores estrangeiros para iniciar as negociações. As sanções de Washington impedem investidores americanos de participarem deste encontro.

Continua depois da publicidade

Caracas já acertou um acordo com a Rússia por 3 bilhões de dólares, mas isso é uma pequena parte do total da dívida externa, estimada em mais de 150 bilhões de dólares.

* AFP