A Venezuela declarou ‘personae non gratae’ o embaixador do Brasil em Caracas, Ruy Pereira, e o encarregado de negócios do Canadá, Craib Kowalik, informou neste sábado (23) a presidente da governista Assembleia Nacional Constituinte, Delcy Rodríguez.

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“No âmbito da competência da Assembleia Constituinte, decidimos declarar ‘persona non grata’ o embaixador do Brasil até que se restitua o fio constitucional que o governo de fato violou nesse país irmão”, disse Rodríguez, em alusão ao governo do presidente Michel Temer.

A presidente da toda-poderosa Constituinte informou ainda que o encarregado de negócios do Canadá tem uma “permanente e insistente, grosseira e vulgar intromissão nos assuntos internos da Venezuela”.

A decisão responde a pronunciamentos feitos contra decretos recentes da Constituinte, um dos quais obrigará os três partidos opositores que não disputaram as eleições municipais de 10 de dezembro a se reinscreverem para participar das presidenciais de 2018.

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Na sexta-feira, a embaixada do Canadá em Caracas escreveu em sua conta no Twitter que esse decreto “é mais uma ameaça a direitos dos venezuelanos de eleger livremente seus líderes, inclusive seu próximo presidente”.

O Brasil, que entregou na sexta-feira a presidência do Mercosul ao Paraguai, exigiu da Venezuela – suspensa do bloco – respeito aos direitos humanos. O presidente Temer reforçou que o bloco voltará a acolher a Venezuela quando voltar “a democracia”.

As relações diplomáticas entre Brasil e Venezuela foram congeladas em agosto de 2016, como consequência às críticas de Caracas ao impeachment que destitui a presidente Dilma Rousseff (2011-2016) e levou Temer ao poder.

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“Depois do golpe de Estado no Brasil, aprovou-se no Congresso uma cláusula de barreira que evitaria que partidos minoritários possam ter algum tipo de participação política”, prosseguiu Rodríguez, ao justificar sua decisão.

As relações com o Canadá, por sua vez, são muito tensas, sobretudo depois que o país norte-americano impôs em novembro sanções contra 52 altos funcionários e militares de Venezuela, Rússia e Sudão do Sul por supostas violações de direitos humanos e corrupção.

A chancelaria venezuelana tramitará o processo de declaração de ‘persona non grata’, disse Rodríguez, sem detalhar se os diplomatas devem deixar o país em um período determinado.

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* AFP