A Venezuela afirmou nesta sexta-feira que são “falsas e insolentes” as declarações do porta-voz do departamento de Estado dos Estados Unidos, John Kirby, que pediu que o governo de Nicolás Maduro pare com as “campanhas de medo” depois do assassinato de um opositor político.

Continua depois da publicidade

“A Venezuela rejeita as declarações do porta-voz do departamento de Estado John Kirby por serem ingerentes, insolentes e falsas”, escreveu a chanceler Delcy Rodríguez em seu Twitter.

Ela considerou “deplorável o apoio que os Estados Unidos dão aos bandos criminososo conectados com a oposição venezuelana” e acrescentou que pretendem “vincular um assassinato por encomenda” às eleições legislativas de 6 de dezembro.

Na véspera, os Estados Unidos condenaram o assassinato do político Manuel Díaz, pedindo ao governo de Caracas que ponha um ponto final às “campanhas de medo” com a proximidade das eleições.

Em nota, o porta-voz do Departamento de Estado, John Kirby, afirmou que o assassinato de Díaz foi “o mais letal de vários ataques e atos de intimidação recentes contra candidatos da oposição”.

Continua depois da publicidade

Nesse sentido, Washington pediu “ao governo da Venezuela que proteja todos os candidatos políticos”, acrescentando que “campanhas de medo, violência e intimidação não têm lugar em uma democracia”.

No comunicado, solicita-se ainda ao “Conselho Nacional Eleitoral que garanta que esta campanha seja conduzida de forma a estimular a plena participação dos venezuelanos”.

O assassinato ocorreu na quarta-feira, durante durante um ato eleitoral na presença da esposa do dirigente preso Leopoldo López, e tornou ainda mais tensa já agressiva campanha para as eleições legislativas.

Luis Manuel Díaz, secretário-geral da Ação Democrática (AD) de Altagracia de Orituco, no estado de Guárico (centro), foi baleado na quarta à noite durante um comício eleitoral com Lilian Tintori, mulher de López, informou o porta-voz nacional do partido, deputado opositor Henry Ramos Allup.

Continua depois da publicidade

Leopoldo López cumpre pena de quase 14 anos de prisão, após ter sido condenado pela acusação de estimular a violência nos protestos contra o governo, nos quais 43 pessoas morreram entre fevereiro e maio de 2014.

Em um ato público na quinta, o presidente Nicolás Maduro comentou o episódio.

“Houve um incidente lamentável em Guárico. Transfiro as condolências à família do falecido. As investigações começaram. O ministro do Interior já tem elementos que apontam para um homicídio por ajuste de contas entre grupos rivais”, afirmou Maduro.

A Venezuela é um dos países com a maior taxa de homicídios no mundo, 53,7 por 100.000 habitantes em 2012, de acordo com o último relatório da ONU.

Os venezuelanos comparecerão às urnas em 6 de dezembro para escolher os 167 deputados de uma Assembleia unicameral, controlada pelo chavismo há 16 anos.

Continua depois da publicidade

De acordo com várias pesquisas, a opositora MUD lidera as intenções de voto com uma vantagem de 14 a 35 pontos, mas o presidente Nicolás Maduro afirma ter um voto garantido de 40%.

ggo/axm/cd/cn