Uma operação do Ibama e da Polícia Militar Ambiental apreendeu em Santa Catarina doses de veneno de sapo vendidas como vacina. O caso ocorreu em Concórdia, no Oeste, no último sábado (9), após investigações do Ibama em uma operação nacional contra o comércio e utilização da chamada "vacina do sapo".
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Trata-se de uma toxina retirada da pele das pererecas kambô (Phyllomedusa bicolor), comuns na Amazônia, que é utilizada em práticas ancestrais por povos originários da floresta — como os Katukinas e os Huni Kuin. O veneno é aplicado em cima de queimaduras na pele e, segundo as tradições, tem efeitos de curar várias doenças e deixar a pessoa mais disposta. A aplicação por não indígenas, no entanto, traz vários riscos à saúde e já causou a morte de uma pessoa no interior de São Paulo em 2008. Após a aplicação, efeitos como dores no estômago, vômito, taquicardia e alteração na pressão são comuns. Por isso que, desde 2004, o comércio e a propaganda sobre propriedades terapêuticas e medicinais da vacina do sapo é proibido no Brasil pela Anvisa.
Segundo o Ibama, a apreensão em Concórdia mirou um homem natural de Cruzeiro do Sul, no Acre, que é acusado de ofertar, obter, transportar, comercializar e aplicar a substância. Todo o material que ele tinha foi apreendido e as práticas foram impedidas pelo órgão. Chamada de Operação Kambô II, a ação foi resultado de investigações sobre a captura das pererecas e anúncios na internet sobre a aplicação da suposta vacina.
Caso foi o segundo em SC no ano
Mesmo proibido, o uso do kambô em Santa Catarina tem se popularizado em eventos pelo Estado. Em maio deste ano uma outra apreensão do veneno já havia sido feita pelo Ibama em Florianópolis.
Nas redes sociais, o mesmo perfil que divulgava o evento em Concórdia — que resultou na apreensão de sábado — também anunciou outros encontros em cidades como Maravilha e Itapema. Conforme a propaganda, o kambô era vendido por R$ 75 no encontro, ou dentro de pacotes de R$ 180 junto de outras práticas como o ayahuasca.
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