Inteligência é pré-requisito básico para quem quer se tornar uma enxadrista de sucesso, mas não é o único ingrediente necessário. É preciso perseverar, ter obstinação. E tudo isso a blumenauense Gabriela Feller, mesmo com apenas 13 anos, já mostrou que tem. Campeã de torneios pelo Brasil, agora ela se prepara para ir ao Mundial do Uruguai e ao Sul-Americano no Paraguai. E o dinheiro para garantir passagens, hospedagem e alimentação ela arrecadou vendendo canetas para desconhecidos.

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Canetas para escrever com linhas firmes e inapagáveis a sua história vitoriosa. Nos últimos dois meses, Gabi foi às ruas. Bateu na porta de lojas e restaurantes com um propósito: comercializar 3 mil canetas e arrecadar os R$ 9,6 mil necessários para pagar os custos das viagens – descontados os custos de produção. Cada uma foi vendida por R$ 5. A campanha foi tão exitosa que mais 400 unidades foram produzidas para atender aos pedidos feitos pela internet.

– Vendemos muitas canetas pelas redes sociais. Os amigos da Gabi compartilhavam e as pessoas entravam em contato com a gente – comemora a mãe, a professora Cristiane Vicente Feller, lembrando que o material vendido em Blumenau foi entregue pela própria Gabriela como agradecimento.

Persistência em busca dos sonhos

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Essa não foi a primeira vez que Gabi pediu ajuda aos blumenauenses para disputar campeonatos. Em 2014, para ir ao Mundial da Juventude em Durban, na África do Sul (ela ficou na 62ª posição), ao Sul-Americano no Uruguai (5º lugar), e ao Mundial Escolar em Juiz de Fora, Minas Gerais (4º), a garota vendeu pulseiras de miçangas, tiaras, laços, cuecas e livros da modalidade.

No ano passado, o pai, Marcos Antônio Feller, andou pelas ruas da cidade para conseguir mais de 150 mil latinhas e reverter em R$ 6,8 mil. O dinheiro levou a filha ao Mundial na Geórgia (58º lugar), ao Pan no Uruguai (10º) e ao Sul-Americano no Chile (5º).

– O xadrez abriu varias portas pra mim – diz Gabriela, que neste ano ficou em 3º lugar no Campeonato Brasileiro. Ela terminou o torneio entre os três maiores enxadristas do país na sua categoria.

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Gabi joga xadrez desde os seis anos, quando foi apresentada ao esporte em atividades extracurriculares na escola. Mas o sucesso não é fruto do acaso. A menina treina todos os dias e sua instrutora é Regina Ribeiro, mestre internacional. Se depender da persistência dela, mais medalhas e troféus estão por vir.

– A gente tem que ser otimista sempre – ensina a jovem Gabriela.

Doce ajuda para Luiz Henrique

Engenheira Agrônoma e aluna de doutorado na Universidade Estadual de Santa Catarina (Udesc) em Lages, Luana da Silva, 30 anos, ocupa o tempo livre para fazer brigadeiros. O motivo é nobre: ajudar o filho Luiz Henrique da Silva Bugança, 11, a arrecadar dinheiro para ir ao Mundial de Xadrez em Poços de Caldas (MG).

– Começamos a campanha faz duas semanas. Nossa meta é conseguir vender mil brigadeiros até a partida, em 21 de agosto – conta.

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Cada brigadeiro é vendido por R$ 1,50 e a família ainda precisa de R$ 1.924 para a viagem. A mãe e o pai, Diego Bortolini, 30, que também é engenheiro agrônomo, chegaram a fazer uma rifa e receberam doações. A relação de Luiz com o esporte nasceu quando a família se mudou de Barracão (PR) para Lages. Então com seis anos, ele começou a fazer aulas em um projeto de xadrez da Secretaria de Educação da cidade. Deu tão certo que o adolescente hoje é tetracampeão estadual em sua categoria, já foi campeão brasileiro e trouxe o bronze do Pan-Americano.

Atualmente, Luiz Henrique joga pelo Clube de Xadrez de Florianópolis e é treinado por Cesar Umetsubo. Ele compete na categoria sub-12 absoluto. A viagem para Minas Gerais está marcada 21 de agosto, data de início do campeonato. Interessados em ajudar Luiz Henrique podem fazer contato pela página dele no Facebook, por meio do endereço www.facebook.com/bugancaxadrez.

* Colaborou Marcelo Siqueira