O adolescente agredido por guardas municipais ao vender doces no Centro de Itajaí, no Litoral Norte de Santa Catarina, resolveu doar parte do valor que recebeu de uma vaquinha on-line criada para ajudá-lo após a repercussão do caso. O garoto de 17 anos vai destinar parte do dinheiro para uma jovem com Síndrome de Willians-Beuren e outra quantia será repassada ao hospital onde o irmão dele fez tratamento de câncer.
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O vendedor foi vítima da ação truculenta no mês passado enquanto comercializava os produtos feitos por ele e os pais. O dinheiro das vendas era para ajudar nas despesas da família e também para ele conseguir fazer um curso preparatório e se tornar sargento do Exército. A atitude desproporcional dos agentes repercutiu no Brasil e uma corrente de solidariedade se formou.
A vaquinha on-line arrecadou R$ 35.147,17, doados por 678 pessoas de todo o país.
Como o dinheiro foi o triplo do que se esperava, a família decidiu dividir com quem também precisa. Quem recebe a ajuda é uma adolescente de 14 anos, de Pomerode, no Médio Vale do Itajaí. Ela tem uma doença rara caracterizada pela perda parcial da elastina no cromossomo X7. Outra parte do dinheiro vai para o hospital onde o irmão do garoto recebeu tratamento contra um câncer.
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Relembre o caso
O jovem de 17 anos vendia alfajor no Centro de Itajaí no dia 13 de setembro quando foi abordado por fiscais da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação e Guardas Municipais. De acordo com o relato feito pelo jovem, os servidores tentaram tirar o produto dele sem explicar o motivo. Ele se recusou a entregar e a confusão começou.
Vídeos mostram alguns trechos da ação (veja abaixo). Em um deles, enquanto dois guardas o seguram e o forçam a sentar no chão, o menino pede ajuda e diz que está apenas trabalhando. Neste momento ele sofre o primeiro “mata-leão”. Depois, algemado e de pé em frente a uma loja, o garoto é novamente jogado no chão.
Ele é colocado dentro da viatura da Guarda e levado à delegacia. De acordo com a Polícia Civil, o rapaz foi autuado pelos crimes de desacato, resistência e lesão corporal contra um guarda municipal.
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Pedido de desculpas e solidariedade
O prefeito da cidade, Volnei Morastoni (MDB), publicou um pedido de desculpas pela ação dos guardas municipais. Em vídeo e texto, dirigiu-se ao garoto, sua família e à comunidade. Disse que a covardia registrada nas imagens da agressão é “inadmissível” e se comprometeu a “garantir que a guarda mantenha uma conduta humanizada”.
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Após a repercussão do caso, uma rede de solidariedade se formou para ajudar o garoto. Ele aprendeu a fazer os doces na internet e produzia com a ajuda da família para aumentar a renda da casa e custear um curso preparatório para se tornar sargento do Exército.
Após o caso, ganhou um curso preparatório para o concurso da Escola de Sargentos das Armas e um de informática, além da promessa de um computador e de aulas de inglês para auxiliar nos estudos.
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