Uma abordagem truculenta e covarde de guardas municipais feita a um adolescente que vendia doces em uma rua de Itajaí será investigada pela prefeitura. 

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Um vídeo (veja abaixo) que mostra os abusos cometidos por agentes da Guarda Municipal repercute no início desta semana. As imagens mostram, primeiro, os profissionais tentando imobilizar o rapaz, que resiste e pede ajuda. Depois, com ele já algemado, um guarda o joga no chão com um golpe “mata-leão”. Indignadas, testemunhas que tentavam ajudar o garoto foram contidas com spray de pimenta. 

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O episódio aconteceu na tarde desta segunda-feira (13), na Rua Hercílio Luz, no Centro de Itajaí. Segundo o pai do vendedor, o garoto diariamente vende alfajores na região central da cidade para ajudar a família e poder guardar dinheiro para custear um curso. Ele sonha em ser militar do Exército e aprendeu a fazer os doces em uma aula on-line de confeitaria. 

Na segunda-feira, enquanto circulava com a caixa de isopor a tiracolo, com três alfajores que ainda não tinham sido vendidos, foi parado por fiscais da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação e Guardas Municipais. De acordo com o relato feito pelo jovem, os servidores tentaram tirar o produto dele sem explicar o motivo. Ele se recusou a entregar e a confusão começou. 

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Vídeos mostram alguns trechos da ação. Em um deles, enquanto dois guardas o seguram e o forçam a sentar no chão, o menino pede ajuda e diz que está apenas trabalhando. Neste momento ele sofre o primeiro “mata-leão”. Pessoas que passam pelo local gritam contra a ação covarde, dizem que não há necessidade de algemas e repetem que o vendedor não é bandido. 

Depois, algemado e de pé em frente a uma loja, o garoto é novamente jogado no chão. Ele é colocado dentro da viatura da Guarda e levado à delegacia. Um homem armado também é criticado pelas pessoas.  

O pai do garoto foi até a delegacia, em Itajaí, buscar o filho. Disse que ele estava em uma cela, com escoriações no rosto, pescoço, braços e pernas. O garoto foi levado ao hospital para ser medicado e examinado.  

— A Guarda me disse que meu filho tinha machucado um deles, mas eu não vi nada. Falou que estava errada a forma que ele se defendeu, mas ele não é agressivo, foi a abordagem que foi errônea, assustou o garoto — defende o pai. 

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O pai do vendedor é vigilante e mora com a esposa e os dois filhos em Navegantes há um ano, quando deixaram Curitiba para tentar uma vida melhor e mais tranquila no Litoral catarinense. O mais velho está no 3º ano do Ensino Médio e conta com a ajuda dos pais para preparar os alfajores. 

— Nunca fomos tratados desse jeito. Hoje foi meu filho, amanhã pode ser de outro.

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De acordo com a Polícia Civil, o rapaz foi autuado pelos crimes de desacato, resistência e lesão corporal contra um guarda municipal. Na tarde desta terça (14), a Secretaria de Segurança de Itajaí informou que o homem que aparece armado na gravação e não está de uniforme é um guarda que passava pel local e tem porte e posse de arma. 

O que diz a prefeitura

A prefeitura se manifestou por nota. O texto afirma que o município vai instaurar sindicância para apurar as circunstâncias da abordagem. “O procedimento administrativo será conduzido pela Corregedoria da Secretaria de Segurança, composta por servidores não ligados à Guarda Municipal”. 

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De acordo com a nota, os fiscais foram ameaçados pelo garoto e por isso a Guarda foi acionada para prestar apoio. Como o jovem não acatou as ordens e tentou correr, foi contido pelos agentes. “Durante o procedimento, o ambulante derrubou um dos agentes e foi necessário uso de força física para contê-lo e evitar riscos à guarnição e ao abordado”. 

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A prefeitura também informou que depois do ocorrido o vendedor e um guarda receberam atendimento médico e o adolescente foi levado à delegacia. Para o coordenador da Guarda Municipal, Coronel Marco Antônio Otávio, os guardas seguiram o procedimento operacional padrão.  

— Não houve chute, não houve soco, não houve absolutamente nada. Eles tentaram o tempo todo interromper a situação do cidadão, tentando algemá-lo conduzi-lo à viatura — avaliou o coronel.  

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