O suposto representante da empresa Davati Medical Suply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que acusou um membro do Ministério da Saúde de pedir propina em uma negociação de imunizantes contra Covid-19, alegou que o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) também tentou vender vacinas ao governo federal. A fala ocorreu em depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira (1º).

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Dominguetti apresentou aos senadores um áudio atribuído ao deputado Luís Miranda em que ele pediria uma “prova de vida”, que poderia ser um vídeo para comprovar ligação dele com a empresa e os produtos, que segundo o depoente seriam vacinas. Após a exibição do áudio, a CPI da Covid determinou a apreensão do telefone celular de Dominguetti para análise do áudio e de outras informações.

Luís Miranda é irmão do servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda, que na semana passada denunciou suposta fraude na tentativa de compra de vacinas Covaxin pelo governo federal. Na sexta-feira (25), os irmãos Miranda prestaram depoimento à CPI e reafirmaram a acusação. Luis Miranda chegou a dizer que avisou o presidente Jair Bolsonaro das supostas irregularidades e citou o nome do deputado Ricardo Barros (PP-PR) como parlamentar a quem Bolsonaro teria atribuído a responsabilidade pela polêmica negociação.

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O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que Miranda teria alegado em conversa com senadores que o áudio foi editado e não trataria de vacinas.

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Representante reafirma pedido de propina de US$ 1 a dose

No depoimento desta quinta-feira, Dominguetti também reafirmou à CPI o pedido de propina de US$ 1 por dose em outra compra de vacinas, a do laboratório Astrazeneca. A proposta de majoração do preço dos imunizantes teria sido recebido do ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, e teria ocorrido em um jantar em um restaurante de Brasília, em uma tentativa de venda de 400 milhões de doses. A acusação já havia sido feita em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, na terça-feira.

– O pedido foi exclusivamente de Roberto Dias. O valor era de um dólar por dose. Oferecemos a US$ 3,50 a primeira proposta. A Davati estava ofertando ao Ministério da Saúde 400 milhões de doses – afirmou Dominguetti.

Segundo Dominguetti, após ele dizer que não conseguiria baixar mais a oferta de US$ 3,50 pelas vacinas, o ex-diretor do Ministério da Saúde teria dito: “Nós temos que melhorar esse valor. Mas é para cima, para mais”.

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Ele também disse que Roberto Dias teria escondido a negociação da compra de vacinas com a Davati do então secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco – braço direito do então ministro Eduardo Pazuello.

Dominguetti Pereira disse também que três diretores do Ministério da Saúde tiveram conhecimento da proposta de venda de 400 milhões de doses da vacina Astrazeneca.

* Com informações de Folhapress

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