Em agosto, Santa Catarina registrou queda no volume de vendas no varejo, com retração de 1,9% em relação a julho, e ainda de 4,1% na comparação com o mesmo mês no ano passado. O índice, de 94,5, registrado em agosto, repetiu o pior resultado dos últimos 12 meses, já verificado em abril.
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No acumulado do ano a redução é de 7,5%, e nos últimos 12 meses é de 7,9%. Os dados foram divulgados nesta terça-feira pelo IBGE, na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC).
O setor de hiper e supermercados teve forte influência nos resultados negativos em SC. O segmento acumula retração de 4,3 em agosto (na comparação com o mesmo mês em 2015), de 11,1% no ano, 11,2% nos últimos 12 meses. Embora não tenha sido o segmento com as maior retração, é o que tem maior peso na composição do índice.
O diretor executivo da Associação Catarinense de Supermercados (Acats), Antonio Carlos Poletini, acredita que os efeitos da crise não são piores para o setor porque a temporada de verão foi positiva, com recorde de turistas, e também houve planejamento antes de a crise apertar.
—Há cerca de um ano começamos a perceber mudanças no comportamento do consumidor, que passou a ir menos ao supermercado, a substituir marcas mais conhecidas por outras regionais, mais baratas. Como o setor é muito organizado em SC, começou a fazer mudanças bem antes, cortando custos, reformando lojas e trabalhando em eficiência energética, por exemplo, para cortar um dos maiores custos, que é a eletricidade – explica Poletini.
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O Estado acompanha os resultados nacionais,. também ruins. A despeito do aumento da confiança do consumidor, em crescimento desde maio conforme dados da FGV, o comércio ainda não conseguiu reagir no país. Em agosto, o volume de vendas recuou 5,5% em relação ao mesmo mês do ano passado, 17ª taxa negativa consecutiva nesse tipo de comparação. O comércio varejista nacional retraiu 0,6% em volume de vendas em relação ao julho e 0,5% para receita nominal.
Em valores nominais, houve crescimento em SC de 7,5% no mês, de 4,3% no acumulado do ano e de 3,4% nos últimos doze meses. Os números são positivos, mas abaixo da inflação do período, de 8,97%.
No varejo ampliado, que inclui automóveis e peças, as retrações no volume de vendas são altos: de -6% no mês, -10,4% no ano e -12,4% para os 12 meses anteriores.
A FecomercioSC é otimista. De acordo com Luciano Córdova, economista da instituição, o indicador registrou tímida melhora para -7,9% no acumulado em 12 meses. Em julho, a variação havia sido de -8%. Esta pequena redução na queda é importante, segundo ele, pois traz uma perspectiva de melhora após 10 meses consecutivos de aprofundamento da retração.
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— A receita nominal voltou a subir depois de cinco meses. Assim como as vendas, o resultado no faturamento ainda é baixo (3,4%), mas aponta para um cenário melhor no futuro – acrescenta Córdova.
Supermercados também impactam no resultado nacional ruim
Em nível nacional, das 27 unidades da federação, 23 apresentaram variações negativas no volume de vendas, em relação ao mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal. Os destaques negativos foram para: Acre (-4,2%) e Amazonas (-3,3%), enquanto Paraíba (1,8%), Rio de Janeiro (0,9%), Rondônia (0,7%) e Tocantins (0,4%) mostraram avanço nas vendas frente a julho de 2016.
O segmento de hiper e supermercados, com variação de -2,2% no volume de vendas em agosto sobre igual mês do ano anterior, foi o maior impacto negativo na formação da taxa global do varejo. Foi a 19ª queda consecutiva do segmento nessa comparação, acumulando, para os oito primeiros meses do ano e em 12 meses, uma perda de 3%. O índice de inflação medido pelo IPCA e a queda na massa salarial foram os fatores que mais pressionaram o setor segundo o IBGE.