Se já pode parecer um disparate pensar em abrir uma fábrica de cerveja em uma cidade de 2,6 mil habitantes com vocação rural, imagine quando não havia estradas, energia e, muito, muito menos consumidores. Pois Alfredo Sell ousou fazê-lo. Em 1905, começou a produzir a bebida em Rancho Queimado, a 60 quilômetros de Florianópolis, quando o lugarejo ainda era um distrito de São José e tinha ¿umas três casas¿, como diz o neto octogenário Adelmar Sell.

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– Era, no mínimo, um homem que pensava muito à frente – diz Sell, referindo-se ao avô.

A cervejaria Rio Branco começou em um galpão, com a ajuda de outros três funcionários. Com a primeira leva pronta, as garrafas de Tira Prosa – como foi batizada a cerveja – foram embaladas em palha e carregadas no lombo de mulas até Florianópolis. Afinal, ali não havia para quem vender. Deu certo ou, pelo menos, como diz Sell, ¿ninguém passou mal¿. A partir dali, a cada 15 dias saíam mulas carregadas com o produto de Alfredo, vendidos no mercado público da Capital.

Com o que sobrava da matéria-prima, passou-se a produzir também um refresco não alcoólico voltado ao público feminino. Nascia a bebida que virou a marca da casa, o guaraná Pureza. Sucesso imediato, o refrigerante fez a cervejaria Rio Branco subir a Serra e ser vendida em mais cidades. Em 1959, a cerveja deixou de ser produzida e a fábrica se voltou apenas para bebidas não alcoólicas. Além da Pureza, houve outros sabores ao longo da história, dos quais sobrou a Laranjinha.

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De acordo com um dos quatro sócios à frente da companhia, Sérgio Murilo Sell, há a intenção, a médio prazo, de voltar a produzir cerveja. A venda seria feita exclusivamente em um bar criado onde hoje é a sede administrativa da Pureza, em Rancho Queimado.

Mesmo com um público restrito – a bebida é vendida em poucas cidades da região da Grande Florianópolis e em algumas da serra – a Pureza caminha bem e teve crescimento de 20% nas vendas em 2015, quando a recessão se aprofundou.