Após mais de um mês de interdição, a Secretaria de Estado da Pesca e Agricultura liberou a extração, venda e consumo de berbigão na localidade da Costeira do Ribeirão, no Sul da Ilha, em Florianópolis. A liberação do molusco é a novidade desta quinta-feira no relatório divulgado pelo governo. Apenas cinco áreas do litoral — quatro em Palhoça e uma em São José — estão totalmente liberadas para a retirada de todos os moluscos bivalves: ostras, mexilhões, vieiras e berbigões.
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Outras nove regiões (todas na Grande Florianópolis) estão liberadas apenas para as ostras: Ponta do Papagaio, em Palhoça; Caieira da Barra do Sul, Costeira do Ribeirão, Freguesia do Ribeirão, Barro Vermelho, Santo Antônio de Lisboa, Sambaqui e Praia do Forte, em Florianópolis; e São Miguel, em Biguaçu.
A desinterdição da extração de berbigões na Costeira do Ribeirão foi possível após dois laudos laboratoriais consecutivos comprovando que não há mais a presença da toxina diarréica nesses moluscos. A proibição total, no entanto, permanece em todo o litoral norte do Estado.
Entenda o caso
A proibição da extração, venda e consumo dos moluscos em todo o litoral catarinense foi determinada em 26 de maio. A explicação é a presença em grande número da alga Dinophysis, que pode causar intoxicação alimentar.
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O oceanógrafo e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Leonardo Rörig acredita que houve um desequilíbrio do ecossistema marinho. Ele explica que a água do litoral catarinense está carregada de muitos nutrientes, como fósforo e nitrogênio, vindos tanto da Bacia do Rio da Prata quanto da Lagoa dos Patos. Isso facilita a proliferação de algas nocivas, fenômeno popularmente conhecido como maré vermelha (embora nem sempre haja mudança na coloração da água). Aliado a isso, as correntes marítimas estavam fracas e a água circulou pouco nas baías litorâneas, dificultando a dissipação dos microrganismos.
Dessa forma, os moluscos acabaram filtrando as algas e produzindo uma toxina que pode causar diarreia, náusea e vômito em caso de consumo humano. Rörig acredita que o fenômeno desse ano pode ter sido causado por questões meteorológicas.
— No ano passado, mal tivemos inverno por causa do El Niño, enquanto neste ano o frio veio forte e cedo. Isso pode ter interferido na ecologia da água e favorecido a proliferação desses organismos tóxicos — diz.
Maior produtor do país
Segundo dados de 2015 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 98% da produção nacional de mexilhões, vieiras e ostras saem de Santa Catarina. Palhoça, na Grande Florianópolis, é o destaque, com 60,8% da produção estadual e 59,6% da nacional. Outras oito cidades catarinenses apareceram no ranking das 10 com a maior produção do país.
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