Quase metade dos homicídios registrados na cidade até agora ocorreram na Velha Grande: dos 10 já contabilizados em Blumenau em 2015 – número três vezes maior que o mesmo período do ano passado -, o bairro foi cenário de quatro deles. Em comparação com os dados de 2014, apenas uma morte por assassinato ocorreu na região da Velha. Foi em meados de novembro, na Velha Grande.
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De acordo com o delegado da Polícia Civil Ronnie Esteves, dos quatro homicídios ocorridos na Velha Grande três foram motivados por desavenças entre pessoas envolvidas com tráfico de drogas. O assassinato mais recente – sábado de madrugada quando um jovem de 18 anos matou a marteladas um homem de 49 – não tem ligação com a venda de entorpecentes, no entanto, segundo as investigações, o autor do crime teria agido sob efeito de drogas.
::: “A gente está sem segurança”, afirma representante de associação de moradores
Diante do cenário atual, o delegado afirma que a região da Velha é a que mais preocupa a Polícia Civil. Esteves relembra que no passado, por causa de um forte trabalho de repressão, o local viveu momentos mais tranquilos, mas que agora, como mostram as estatísticas, a situação voltou a se complicar. Segundo ele, as mortes seriam resultado da disputa por pontos de tráfico de drogas e por dívidas com traficantes:
– Há pessoas que se intitulam donas de determinado ponto e acaba ocorrendo confronto entre elas.
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Tráfico pulverizado dificulta ação policial
Um problema difícil de ser resolvido. O tráfico de drogas está pulverizado em diversos pontos da Velha e é favorecido graças à região extensa, com topografia formada por morros e endereços praticamente inacessíveis. A dificuldade em localizar provas também prejudica o combate, segundo o delegado:
– Saber é uma coisa, provar, outra. Temos muita informação, mas é preciso materializar o envolvimento com o tráfico. Só acusar não adianta. As pessoas não denunciam, as famílias de vítimas também não, mesmo com denúncia anônima, nem que seja para passar uma informação mínima que possa colaborar com a investigação. Até para depor na delegacia às vezes a gente tem de implorar.
A Polícia Militar monitora os dados e diz que eles chamam atenção. Entretanto, segundo o aspirante a oficial Rodrigo Geraldo Siedschlag não há precisamente uma região que mais preocupe a corporação. Toda a cidade, segundo ele, é alvo da atenção dos policiais. Ele afirma ainda que o policiamento e as operações estão sendo intensificados. Siedschlag observa que os envolvidos nestas ocorrências são quase sempre os mesmos.
O delegado Esteves reclama da falta apoio dos moradores:
– Nosso efetivo é hostilizado pela própria população, que age assim por ameaça dos traficantes. Se abordarmos alguém, as pessoas aglomeram, querem saber o que houve, há atrito verbal. O pessoal faz esta baderna a mando do tráfico.
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Conselho de Segurança prepara abaixo-assinado
Diretora de Ações Sociais do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) da Velha e Região, Vivian Persuhn define a situação como “extremamente preocupante”. Além de as pessoas não quererem se expor com medo de represálias, menos de um terço da vizinhança participa das reuniões mensais do grupo e, segundo ela, os próprios criminosos estariam mais organizados que o restante da sociedade.
– Quando sai uma viatura da base da PM na Rua José Reuter para fazer uma batida, o pessoal da Velha Grande já sabe. Os bandidos têm WhatsApp, estão na internet. Somos impotentes diante de assunto tão grave – afirma Vivian, acrescentando que os Consegs da cidade preparam um abaixo-assinado para ser entregue ao governo do Estado, com vistas ao reforço na segurança.
Na tentativa de reverter o problema, a secretária da Associação de Moradores da Franz Mueller, Marlei de Oliveira, também está em contato com policiais responsáveis por cuidar da segurança do bairro.