Os brasileiros parecem ter redescoberto um método para adquirir bens em período de recessão econômica. O pré-requisito para essa estratégia de compra consiste em não haver pressa para ter a posse do imóvel próprio ou do veículo, por exemplo.

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Mesmo raciocínio vale para adquirir serviços como viagens, reformas e procedimentos estéticos, que entraram mais recentemente no rol dos consórcios. As vendas de novas cotas dessa modalidade de transação cresceram 7,8% nos primeiros cinco meses deste ano, quando comparadas com o mesmo período de 2016, segundo levantamento da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac).

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De janeiro a maio, foram vendidas 912,5 mil cartas de crédito, que dão direito à participação nas assembleias e aos sorteios dos bens de consumo. No ano passado, foram 846,3 mil novas cotas comercializadas por quem administra os consórcios. O volume de negócios atingiu R$ 36,3 bilhões, que representa um acréscimo de 24,7% em relação aos R$ 29,1 bilhões registrados há um ano.

– O crescimento é reflexo de uma evolução do próprio consumidor, que apresenta uma maneira mais consciente de buscar recursos para consumir. Hoje, esse conceito do coletivo, do grupo se ajudando, está mais forte. E também é mérito para o próprio sistema de consórcio, que ganha confiança ao transmitir aos consumidores informações sobre esse tema da educação financeira – avalia.

Ainda conforme as impressões de Letti em relação aos três Estados, é possível afirmar que há mais mulheres comprando por meio de consórcios. O planejamento também se dá, majoritariamente, entre pais que almejam comprar apartamento para os filhos, casais novos partindo para uma opção mais segura do que o aluguel, além da formação de patrimônio. E, claro, há a troca do automóvel próprio ou a compra de um segundo imóvel.

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Em Santa Catarina, 24,2% das compras de veículos leves (automóveis, utilitários e camionetas) feitas de janeiro a maio foram possibilitadas por meio de consórcio. No ano passado, essa participação havia alcançado somente 20,7%. Logo atrás, vêm os consórcios de imóveis, que representaram 21% nas vendas desse tipo de bem e tiveram crescimento de 0,8 pontos percentuais neste ano.

Veículos impulsionam alta da modalidade

O analista de comércio eletrônico Jonatas Machado, 30, foi um dos catarinenses que aderiu à modalidade de compra quando decidiu trocar de carro há pouco mais de uma semana. Na tentativa de ser contemplado rapidamente, ele vendeu o veículo antigo, guardou o dinheiro na poupança e, agora, espera a oportunidade ideal para realizar um lance.

Com a decisão, optou por uma taxa de administração de cerca de 15% em detrimento aos juros que variam entre 13,3% e 69,36% ao ano, conforme o Banco Central. Acredita estar fazendo um bom negócio e, dentro de três meses, ou mais precisamente 12 assembleias, projeta buscar as chaves do veículo.

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– Peguei uma carta significativamente mais alta justamente porque eu tenho a intenção de dar um lance alto para conseguir tirar mais rápido. Tudo isso me leva a acreditar que eu vou conseguir a contemplação com uma certa brevidade, levando em consideração que eu tenho um bom lance para ser dado e pela quantidade de pessoas que participam da mesma carta. Mas, para mim, por ora, é muito tranquilo, porque eu não tenho pressa, já que posso ir trabalhar de ônibus – afirma Machado.

Ele conta que, antes de assinar o contrato, prestou atenção em variáveis como flexibilidade, valores e quantidade de prestações, além de ter pensado em uma proposta atrativa. São as mesmas recomendações do consultor financeiro Crisanto Soares Ribeiro, que também é professor na Universidade do Vale do Itajaí (Univali).

– O cidadão comum ainda não teve acesso a um impacto efetivo da redução dos juros e isso ainda vai levar muito tempo. Então, muitas pessoas têm usado o consórcio como forma de planejamento. Se pode esperar um pouco mais para ter acesso ao bem, os custos são menores do que os de outros financiamentos, como o leasing. É preciso colocar na balança o custo e o prazo de cada operação – recomenda Ribeiro.

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O consultor ainda faz uma ressalva: não é interessante se a intenção for investir, pois há opções bem mais rentáveis, como o fundo de ações, apesar do risco.

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