A água compõe cerca de 65% do corpo humano: a substância é indispensável para que o organismo execute suas funções vitais. Entre elas, está o controle da temperatura interna – através do suor, o corpo libera calor, mantendo sua temperatura normal (na faixa entre 36 e 37,4 graus celsius).

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Com o calor do verão, é natural que o organismo libere uma quantidade maior de água. Por isso, especialistas recomendam a ingestão de pelo menos dois litros de líquidos por dia durante a estação. O hábito é importante para se evitar a desidratação, que é aperda excessiva de água pelo corpo.

A Dra. Vera Sdepanian, gastroenterologista, professora da Universidade Federal de São Paulo e chefe da gastroenterologia pediátrica da Escola da Paulista de Medicina/ UNIFESP, explica quais são os sintomas e os riscos da desidratação:

– É comum a pessoa sentir fraqueza, tontura, dor de cabeça, fadiga. A boca fica seca, os olhos fundos e há diminuição na quantidade de urina. Nos bebês pequenos, percebe-se um afundamento na moleira. Quando uma pessoa está muito desidratada, ela pode entrar em choque. Neste caso, é necessária uma internação imediata, para aplicação de soro. Se o tratamento não ocorrer a tempo, o paciente pode até morrer – avisa a especialista.

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Diarreia e desidratação

Vários fatores podem causar a desidratação. A melhor forma de se prevenir é beber bastante água, usar roupas leves no calor e evitar a exposição ao sol por períodos prolongados. Com as temperaturas em alta, também é importante estar atento à conservação dos alimentos: a exposição contínua ao calor pode contribuir para que estraguem mais rápido. O perigo, neste caso, é uma complicação gastrointestinal.

A diarreia é uma das principais causas de desidratação entre crianças, adultos e idosos. O problema ocorre devido a infecções por bactérias, vírus ou protozoários.

– A desidratação está entre as principais causas de morte entre crianças menores de cinco anos. Observamos, nos últimos trinta anos, uma diminuição significativa dessa mortalidade. Isso se deu, em grande parte, pela introdução da terapia de hidratação oral – afirma Dra. Vera.

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De acordo com a médica, os pequenos estão mais expostos à diarreia – e à decorrente desidratação – porque as defesas do organismo não são totalmente formadas.

– No caso dos idosos, a defesa é mais vulnerável que nos adultos por conta do desgaste natural do organismo ao longo dos anos – conclui.

A especialista afirma que, ao surgirem os sintomas, é importante procurar um médico.

– No caso da diarreia aguda, há uma grande perda de água e sais minerais com a evacuação. Ainda mais quando é acompanhada de vômito. É necessário combater o agente causador da diarreia e iniciar uma prevenção contra a desidratação. Na diarreia, pode ser indicado um medicamento probiótico – como o Sacharomyces boulardii, um organismo vivo extraído da levedura e que tem a capacidade de reequilibrar a flora intestinal, em muitos casos. Com relação à hidratação, a recomendação é a ingestão de água por via oral. Para repor os sais minerais e outras substâncias, é fundamental a ingestão de soro oral – recomenda.

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A médica afirma que o chamado “soro caseiro” (receita com água, sal e açúcar) é uma opção útil. No entanto, é preciso garantir a pureza da água utilizada e a exatidão nas medidas da receita. Neste sentido, a gastroenterologista aponta a Solução de Reidratação Oral (SRO) como uma ferramenta importante na prevenção e no tratamento da desidratação.

– No caso dos soros orais industrializados, existe a vantagem de o produto já vir pronto, com as concentrações exatas dos sais minerais necessários em cada caso e estágio da diarreia. Não há o risco de contaminação, como no soro caseiro. O produto industrializado também pode ser guardado, após aberto, e consumido de acordo com a prescrição médica, com o tempo de utilização após preparo variando entre os diferentes produtos disponíveis. A questão do sabor artificial pode ser uma vantagem contra a resistência à ingestão do soro, sobretudo entre as crianças – complementa a gastroenterologista.

Dra. Sdepanian explica ainda que a melhor forma de hidratação é beber líquidos, porém, nem sempre o paciente está em condições.

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– Quando a pessoa está muito desidratada, fica em estado letárgico, prostrada, sem forças. Muitas vezes, a hospitalização e a aplicação de soro diretamente na veia é necessária – conta.

Com a falta de água no corpo do paciente, o sangue tem sua composição comprometida, impedindo o bom funcionamento do organismo e levando à morte nos casos mais graves.

– É importante as pessoas estarem atentas à hidratação com a chegada do verão, principalmente no caso das crianças e dos idosos – encerra.

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