O espetáculo fashion apresentado por Stella McCartney na London Fashion Week no último dia 18 será difícil de ser desbancado.
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O que era aparentemente um evento formal com traje black-tie revelou-se um espaço de arte performática interativa. De seu começo às 20h como um jantar, até as 11 da manhã, o local havia se transformado em um circo de supermodelos.
– Estamos em Londres – disse Stella. – Queria fazer algo ousado.
Foi o primeiro desfile de McCartney em Londres em 16 anos. Depois de ser contratada aos vinte-e-poucos pela grife francesa Chloé, McCartney apresentou suas coleções sempre em solo parisiense. A marca Stella McCartney, agora com uma década de idade, é apresentada na Ópera de Paris. Mas, em um rompante, McCartney decidiu celebrar seu trabalho desenhando os uniformes da delegação da Grã-Bretanha para as Olimpíadas deste verão com este retorno a Londres, apresentando uma coleção de peças para a noite.
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Convites de papel creme, em alto relevo, chegaram com um chaveiro de ônibus londrino, única dica de que nada além de uma noite elegante de sábado nos esperava. Em uma antiga igreja de Mayfair, iluminada por lamparinas de estilo parisiense, a orquestra de Ronnie Scott tocava jazz enquanto garçons com tradicionais aventais de linho circulavam com champanhe.
Mesas redondas com toalhas de linho eram decoradas com vasos prateados de lírios do vale, flores especiais para McCartney, uma vez que eram as preferidas de sua mãe, Linda.
Modelos vestidas em trajes de seda tomaram seus lugares entre os convidados, de modo que cada mesa abrigava um modelito da nova coleção. Stella ama fazer misturas – quando ela se apresenta na Ópera de Paris, os lustres se agitam perigosamente tamanho o volume da trilha sonora hip hop – e a lista de convidados não era exceção.
Rihanna misturou-se com Zaha Hadid; Kate Moss, com Peter Blake; Twiggy, com Bianca Jagger; Kanye West, com Richard E. Grant. O jantar vegetariano contava com castanhas doces de Hyde Park, laranjas sanguíneas sicilianas, risoto de açafrão, trugas negras de Perigord e torradas com queijo Wigmore.
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Os músicos cederam lugar ao mágico holandês Hans Klok, auxiliado por uma glamurosa assistente, Alexa Chung, eleita na última semana embaixadora da moda jovem pelo British Fashion Council. Depois de ser hipnotizada, Chung parecia levitar sobre três espadas, duas delas logo afastadas por um chicote. Stella juntou-se a Klok no palco para um truque de cartas. A audiência, primeiro entediada, logo ria e aplaudia, aos silvos.
Se este fosse o único truque da noite, já não se falaria em outra coisa na fashion week. Mas, na tradição dos shows de mágica, era apenas uma distração planejada para distrair o público enquanto o verdadeiro show era preparado. Enquanto os comensais concentravam sua atenção entre o palco e o sorbet de Campari com Sanguinello, as modelos distribuídas entre os convidados pularam de suas cadeiras para o centro das mesas redondas para protagonizar um ballet ao som de Led Zeppelin. A coreógrafa espanhola Bianca Li ensaiou as modelos, que incluíam Yasmin Le Bon, Shalom Harlow e Amber Valetta, assim como bailarinas profissionais que faziam as vezes de manequins para a noite.
O teatro destacava, também, as roupas para a noite, mostrando que se tratavam de trajes ideais para sair e se divertir a noite inteira. A coleção reprisou looks que se tornaram clássicos de Stella McCartney, incluindo as silhuetas de ampulheta que se tornaram favoritas nos tapetes vermelhos de, entre outras, Kate Winslet. São roupas para se dançar em cima da mesa, parece.
Vestidas em sedas marmorizadas, vestidos de renda azul cobalto e smokings ajustados, as bailarinas dançaram uma rotina de ballet moderno sobre as mesas pontilhadas de taças de champagne, e atravessaram o salão pisando de cadeira em cadeira. Os garçons se juntaram a elas, como seus pares nos saltos e giros.
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Foi um número de elite em desfiles. Daqueles que constarão na história da moda. Como o desfile inspirado em sanatórios de Alexander McQueen em setembro de 2000, ou o desfile que marcou a volta de Tom Ford a Nova York com Beyoncé, em setembro de 2010, foi uma noite para não esquecer:
– Queria fazer algo especial para celebrar esta volta a Londres – disse Stella. – Eu amo mágica, e isso foi muito mágico.
Tradução: Fernanda Grabauska