Décimo terceiro, férias, expectativas para o ano novo e uma pergunta quase que comum: ‘será que está na hora de comprar ou trocar de carro?’. Essa dúvida surge para muita gente quando o fim do ano se aproxima e o dinheiro extra entra na conta, mas será que este é realmente o melhor momento para fazer negócio? Para ajudar a ponderar os prós e contras dessa decisão, a reportagem de A Notícia consultou uma especialista em finanças pessoais, a economista joinvilense Jani Floriano, que é categórica: “a resposta é não”.
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Para a especialista, para quem está cogitando adquirir o novo bem é importante estudar alguns cenários para que a decisão não pese no orçamento. Na avaliação dela, o melhor momento para a compra é nos meses de janeiro e fevereiro, depois de concluído o ano. Entre os motivos para a espera está o fato de que com maior giro econômico no período, há lojistas que acabam reduzindo promoções ou benefícios.
Já no início do ano, como muitas pessoas aproveitam para curtir as férias, a disponibilidade de ofertas tende a ser melhor e a própria compra se torna mais racional.
_ Claro que se a pessoa já está procurando, pesquisando e vendo de longo tempo que ela quer comprar o carro, e encontra uma boa oportunidade deve ir em frente, porque ela pode usar o 13o e as férias para dar uma boa entrada. Se começar a pensar agora, aí sim não é o melhor momento.
Outras situações também geram dúvidas, como a decisão entre comprar um carro novo ou usado, quanto e como investir, em quanto tempo pagar o veículo e o comprometimento que isso representa nas contas do dia a dia. Para contribuir, elaboramos abaixo respostas para alguns pontos-chave que você precisa saber antes de comprar ou trocar de carro. Acompanhe:
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Pesquise e não compre por impulso
As montadoras têm veículos muito similares entre si, então tendo em mente qual carro você deseja comprar, pesquise as melhores condições de compra e as diferenças entre um produto e outro. Em períodos mais tumultuados ou com demanda acima do normal muitas vezes o cliente não tem tempo hábil para verificar todos os detalhes do carro ou do financiamento, podendo gerar uma compra por impulso. Nesta época do ano, em específico, uma das alternativas financeiras para controlar a “afobação” é guardar os valores adquiridos com o 13º e as férias e fazer uma poupança para depois barganhar melhores condições e ofertas, ter mais tranquilidade e garantir uma boa entrada ou abatimento de parte do valor.
Devo comprar um carro novo ou seminovo?
Assim que o carro deixa a concessionária, no imaginário de muitas pessoas surge o jargão “saiu da loja, já perdeu 10%, 20% do valor”. Conforme a economista Jani Floriano, é fácil explicar essa tendência: o comprador tende a refletir que não faz sentido comprar de um terceiro um carro que recém saiu da concessionária de ele pode efetuar essa compra direto na empresa, que tem um valor de segurança agregado. Em contrapartida, muitos optam pelo seminovo pela própria condição financeira, tendo em vista que com a compra do carro junto dele estão outros custos a serem considerados. Esta é portanto a escolha de cada um.
_ Independente de qual escolha for, é muito importante fazer as contas e as pessoas que ainda não tiveram um carro muitas vezes pensam que o gasto é só com a prestação, não é. Tem que somar os valores do seguro, da gasolina, da lavação, dos estacionamentos privativos ou até de equipamentos como som e película _ lembra.
_ Quem já tem carro está acostumado com isso, mas quem vai comprar o primeiro carro se assusta justamente por não imaginar todas essas contas embutidas _ complementa Jani.
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Vale checar também o ônus e o bônus, que são inerentes como em qualquer escolha:
Carro “Zero”
Sinal verde: você tem uma segurança na transação originária da própria empresa que está vendendo este veículo, além de direito a garantia como qualquer produto. Além disso a procedência dele é garantida e essa é uma grande vantagem.
Sinal vermelho: o valor é mais elevado do que o dos seminovos ou usados, considerando um veículo de mesma marca e modelo.
Carro seminovo
Sinal verde: é possível economizar bastante na compra de um carro já em circulação.
Sinal Vermelho: a desvantagem é não saber de que forma este veículo foi utilizado no período em que esteve de posse do antigo dono. Uma alternativa é questionar o motivo da venda, se por problema pessoal, ou algum fator que envolva o carro.
Precaução nunca é demais
Se sua escolha for por adquirir um carro seminovo, uma dica é procurar um mecânico de sua confiança para que ele analise as condições do veículo antes da aquisição. Pagar por essa avaliação, às vezes, continua compensando devido ao valor que você vai economizar adquirindo um automóvel nessas condições. Já o carro “zero” tem a vantagem de que havendo problema no mesmo, você poderá encaminhá-lo direto para a assistência técnica da concessionária – que terá que resolver o problema dentro do período legal da garantia.
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Conheça as formas de pagamento
No passado especialistas indicavam que a pessoa deveria guardar o dinheiro e comprar à vista, é claro que essa opção continuar sendo importante porque assim o comprador não vai carregar uma dívida. Porém, os tempos mudaram e na negociação atual não faz tanta diferença para a concessionária se o cliente está comprando no dinheiro ou financiando o veículo. Isto porque, essas lojas muitas vezes contam com bancos parceiros e, em caso de o cliente fazer o financiamento bancário, a instituição paga o valor à vista, e fica recebendo do correntista pelo tempo acordado. No entanto deve-se considerar o limite da carta de crédito e aplicar o valor mínimo de entrada conforme as condições da agência escolhida.
Se decidir guardar o dinheiro e pagar o carro em cash ao final de um período, de acordo com a economista Jani Floriano a caderneta de poupança não se mostra a opção mais viável no momento. A explicação é de que a inflação está há três anos operando acima das taxas de juros dessa modalidade. O melhor a se fazer é verificar junto ao banco quais as opções de investimento existentes, que vai desde os títulos públicos até um fundo de investimento.
Fique de olho para não comprometer o orçamento
Não há um modelo a ser seguido, uma vez que existe diferença de renda familiar de um cidadão para o outro, além dos mais diversos valores das prestações para as compras de veículos parcelados. No entanto, com uma conta simples dá para ter uma noção de quais condições e se é possível você adquirir um carro com seu salário e padrão de vida atuais. Você vai precisar analisar o quanto aquela prestação vai comprometer a sua renda familiar, para isso siga os seguintes passos:
Considere o saldo líquido mensal de sua renda familiar;
Contabilize todas as suas despesas fixas, que engloba desde a conta de internet até os gastos com mercado, água, luz, dívidas, etc;
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Verifique o valor da prestação do veículo desejado (e adicionais);
Some os valores do seu custo de vida e da prestação e, posteriormente subtraia o resultado do total da sua renda.
Caso o comprometimento das despesas represente mais de 70% de sua renda mensal, é melhor ter cautela e evitar um gasto extra. Se o custo ficar abaixo desse limite, significa que está com folga, uma vez que pode usar os 30% ou mais do dinheiro que restar para empregar em uma poupança, fazer investimentos mais arrojados, para lazer ou segurança. Ou seja, é a gordura do salário que você terá para queimar, inclusive com imprevistos que podem surgir.
Tempo ideal para quitar o veículo
A lógica para completar o pagamento parcelado do veículo recém saído da concessionária (apesar de não ser regra) pode ser considerada pelo cliente a partir do tempo que um carro novo roda sem dar problema ou necessitar a troca de peças, em média, de três anos. Esse “casamento” de datas é importante porque depois de quitado o veículo, se o comprador quiser continuar com mesmo carro, ele poderá usar o dinheiro que antes ia para as prestações para ajudar na manutenção. Muitas pessoas, no entanto, acabam ultrapassando esse prazo e pagam em cinco anos, por exemplo. Nesses casos, caso haja necessidade de gasto com manutenção ele terá que agregar ao valor da prestação, o que pode pesar no orçamento.