Quase tudo, da qualidade de vida à macroeconomia, pode ser medido por indicadores-padrões ou indicadores-modelos. Não que toda cidade, todo Estado e todo País tenham, necessariamente, a obrigação de buscar ou alcançar esses indicadores, mas eles servem como “espelho” para quem quer melhorar a qualidade de vida e as condições de consumo e de bem-estar da população. Com a perspectiva da posse de novos governantes no País no começo deste ano, a Macroplan, uma empresa brasileira de consultoria, administração estratégica e gestão orientada para resultados, definiu alguns parâmetros e uma série de indicadores nas áreas de segurança, saúde, educação, juventude, desenvolvimento econômico e social e infraestrutura.
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Mas e se Joinville fosse um Estado? É possível saber se estamos “bem na foto” quando o assunto são os melhores indicadores? Em busca dessa resposta, a reportagem de “A Notícia” foi atrás de uma série de indicadores para compará-los com a pesquisa da Macroplan. Nem todos os números são comparáveis diretamente – ou por causa do período da análise ou porque não há números tão específicos por cidade. Mas, como em um quebra-cabeças, é possível distinguir exatamente as peças que faltam para se alcançar índices de primeiro mundo.
Na maioria dos itens abordados na pesquisa da Macroplan, Joinville está em um meio-termo – um pouco melhor do que Santa Catarina e do que os índices brasileiros, mas ainda sem alcançar padrões de primeiro mundo. E olha que Santa Catarina aparece muito bem na pesquisa, junto com São Paulo. É o Estado que mais se destaca no País na avaliação da empresa de consultoria.
Embora ajude a puxar, por exemplo, a taxa de homicídios de Santa Catarina para a mais baixa do País, Joinville ainda está longe de ser um modelo de segurança. Por outro lado, em educação, os avanços em tecnologia, metodologia e aprendizado colocam a cidade num patamar bastante próximo das melhores regiões do mundo.
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TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL
Número de óbitos infantis por 1.000 nascidos vivos
Padrão aceitável, segundo a OMS: 10
Melhor desempenho do País (2011): 10,8 (Santa Catarina)
Média do Brasil (2011): 15,3
Joinville: 7,35
De 2012 para 2013, esse indicador bateu um recorde positivo: 7,35 mortes para cada mil nascimentos. A taxa, até 2013, havia sido de 8,3. O índice, tão bom quanto o dos países desenvolvidos, é do Relatório de Gestão da Saúde 2012, avaliado anualmente pelo Conselho Municipal de Saúde. A mortalidade infantil em Joinville já segue padrões de países desenvolvidos desde 2009, quando ficou abaixo de dez mortes para cada mil nascimentos, taxa considerada ideal pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
DESEMPREGO DE JOVENS
Entre 15 a 29 anos
Média da OCDE (2012): 9,9%
Melhor desempenho do País (2013): 6,5% (Mato Grosso do Sul)
Média do Brasil (2013): 12,4%
Joinville: 3%
A taxa média de desemprego de jovens de 15 a 29 anos em Joinville, indicador usado pela Macroplan e pelo Programa Cidades Sustentáveis, mostra que a cidade está bem avançada em relação aos Estados brasileiros e mesmo ao modelo considerado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A taxa tem se mantido estável nas últimas décadas, em torno de 3%. Porém, a cidade não deve alcançar uma das metas propostas pelo programa até o fim de 2015, que é a do pleno emprego produtivo e trabalho considerado adequado para jovens, mulheres e negros.
JUVENTUDE
Proporção de jovens que não estudam, nem trabalham e nem procuram emprego (15 a 29 anos)
Média da OCDE (2012): 8,4%
Melhor desempenho do País (2013): 8,9% (Santa Catarina)
Média do Brasil (2013): 14,9%
Joinville: ?
Não é possível comparar este indicador porque não há números oficiais em Joinville de jovens nesta faixa etária que não estudam, não trabalham e não estão buscando nem um, nem outro.
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ESCOLARIDADE MÉDIA
(25 anos ou mais, em anos de estudo)
Estados Unidos (2010): 13,3
Melhor desempenho do País (2013): (Distrito Federal)
Média do Brasil (2013): 7,7
Joinville: ?
Não é possível fazer comparações diretas entre os sistemas de educação norteamericano, europeu, asiático ou do Brasil (os modelos são distintos), muito menos com a de uma cidade apenas, como Joinville. Mas é possível demonstrar que, em termos de educação, a cidade tem feito bonito comparativamente ao resto do País e do Estado. No entanto, ainda falta bastante para alcançar desempenhos de países considerados modelos.
HOMICÍDIOS
Por 100 mil habitantes
Média da OCDE (2011): 4,5
Melhor desempenho do País (2012): 12,8 (Santa
Catarina)
Média do Brasil (2012): 29
Joinville: 16,3
Este é um indicador que tem piorado nos últimos anos. No primeiro trimestre do ano passado, quando foi divulgado o último Mapa da Violência, Joinville não estava nem tanto ao céu, nem tanto ao inferno. No ranking, feito com base nos números de homicídios, acidentes de trânsito e suicídios registrados pelo Sistema de Informações de Mortalidade ( SIM), do Ministério da Saúde, Joinville tinha 16,3 mortes a cada 100 mil habitantes. Se considerados apenas os homicídios, por exemplo, Joinville chegou ao fim do ano com 95 casos, um recorde na última década. Considerando a média modelo, de 4,5 mortes a cada 100 mil habitantes, ainda é preciso avançar muito.
DESIGUALDADE SOCIAL
Coeficiente de Gini (índice que mede a desigualdade social)
Média da OCDE (2011): 0,320
Melhor desempenho do País (2013): 0,431 (Santa Catarina)
Média do Brasil (2013): 0,525
Joinville (2010): 0,491
Nas ultimas três décadas, Joinville tem apresentado desempenhos melhores do que o Brasil, mas ainda distantes dos de países desenvolvidos. O Coeficiente de Gini é uma medida usada em todo o mundo para calcular a desigualdade de distribuição de renda. Ele consiste em um número entre 0 e 1, onde 0 corresponde à completa igualdade de renda (onde todos têm a mesma renda) e 1 corresponde à completa desigualdade (onde uma pessoa tem toda a renda e as demais nada têm).
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ENERGIA
Consumo residencial per capita (KWh)
Estados Unidos (2011): 4.569
Melhor desempenho do País (2012): 886,7 (sâo Paulo)
Média do Brasil (2012): 597,5
Joinville: ?
Não há dados específicos comparativos ao estudo da Macroplan. Porém, a cidade tem demonstrado estar avançada em relação ao Estado e ao Brasil, especialmente no uso de energias limpas. Porém, os gargalos, especialmente para a indústria, são a principal preocupação do setor e colocam a cidade com sinal de alerta ligado para as próximas décadas.
EXPECTATIVA DE VIDA
Em anos
Média da OCDE (2012): 80,6
Melhor desempenho do País (2012): 77,7 (Santa Catarina)
Média do Brasil (2012): 74,5
Joinville: 78,3
O desempenho está bem acima da média nacional e também da média de Santa Catarina, mas um pouco abaixo do que o mesmo indicador em cerca de 30 países onde a expectativa de vida passa dos 80 anos. Pelos dados da ONU, a expectativa de vida para quem nascesse em 2010 em Joinville era de 78,3 anos, segundo o relatório de desenvolvimento humano. As maiores longevidades do mundo estão no Japão, onde boa parte das cidades do porte de Joinville têm média superior a 83 anos.