Gean Loureiro (PMDB) e Angela Amin (PP) tem trocado farpas nas inserções em rádio e televisão durante a campanha de segundo turno à prefeitura de Florianópolis. Veja abaixo alguns exemplos.
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Ataques de Angela
Obras e nome em placas
— Nas inserções e em alguns programas eleitorais em rádio e TV, a campanha de Angela tem contestado o destaque dado pela propaganda de Gean sobre obras feitas no período em que ele ocupou secretarias municipais nas gestões de Dário Berger à frente da prefeitura. Alguns exemplos citados pelo peemedebista são a revitalização de avenidas, pavimentação de mais de 900 ruas, construção de elevados e reforma e construção e ampliação de centros de saúde. A campanha de Angela diz que Gean tenta confundir o eleitor, afirmando que “ele faz propaganda de obras que não são dele”. Chega a destacar, inclusive, que o nome de Gean não estava em obras que ele anunciava como sendo dele no horário eleitoral.
— Gean, em seus programas, responde que não trabalha por vaidade e que pouco importa ter nome em placas. Mesmo assim, como forma de rebater a crítica da adversária, a propaganda eleitoral dele mostra o nome do candidato em algumas placas de inauguração de obras pela cidade, sempre como membro do secretariado de Berger.
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— Neste caso, os dois candidatos têm razão em parte. Gean tem nome em placas e participou da execução de obras como secretário — ele chegou a acumular as pastas de Governo, Planejamento e Continente e depois ficou apenas como secretário de Governo. Na prática, porém, as obras são da prefeitura como um todo e as demandas são discutidas e recursos captados pelo prefeito.
Árvore de Natal e show de Bocelli
— Aproveitando o fato da própria campanha de Gean destacar que ele participou de todas as ações dos governos Dário Berger, a propaganda de Angela diz que o peemedebista, como secretário, gastou “quase R$ 4 milhões em uma árvore de Natal que não cumpria o que foi previsto em contrato” e apresenta um documento mostrando que o dinheiro foi obtido anulando o orçamento de construção do elevado Rita Maria e obras de drenagem e pavimentação. Em ação semelhante, pontua que em 2009 Gean assumiu como prefeito por 12 dias e assinou uma despesa de R$ 2,5 milhões por “um show que nunca aconteceu”, o de Andrea Bocelli.
— Gean responde que Angela Amin falta com a verdade, afirmando que não tem relação com o caso da árvore de Natal nem com o do show de Bocelli. Apresenta documentos da Justiça Eleitoral ordenando a campanha da pepista a retirar as inserções do ar por não haver comprovação de envolvimento de Gean nestas duas situações.
— De fato, as duas inserções de Angela foram retiradas do ar pela Justiça Eleitoral. O juiz eleitoral Leone Carlos Martins Júnior, em ambas as decisões, afirmou que a participação do peemedebista nos casos polêmicos era “fato sabidamente inverídico” porque ele não é citado nas ações movidas pelos Ministério Público de Santa Catarina que questionam agentes públicos e empresários envolvidos.
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Rio do Braz
— Alvo de polêmica especialmente no último verão por conta das más condições de balneabilidade, o Rio do Braz, em Canasvieiras, também entrou nos ataques de Angela a Gean. A propaganda da pepista diz que em 2013 o rio já estava contaminado e que, nesta época Gean, então presidente da Fatma, prometeu resolver o problema e não cumpriu. Uma inserção também traz um morador de Canasvieiras afirmando que, quando Angela era prefeita da Capital, pescava no Rio do Braz, indicando que na época ele era limpo.
— Na resposta de Gean, a campanha do peemedebista mostra matérias de jornais da época rebatendo a afirmação do programa eleitoral da pepista. Os textos falam de “esgotos lançados no rio, pessoas passando mal, e turistas e comerciantes revoltados com a situação”.
— Diante das polêmicas no debate eleitoral, a Casan emitiu uma nota ontem. Sobre a região do Rio do Brás, a companhia encaminhou um informativo com todas as ações em execução desde o início do ano para auxiliar no processo de despoluição do Norte da Ilha. “Poluído há mais de 35 anos, conforme registrava a imprensa da época e reiterado à página 12 do jornal Diário Catarinense de 4 de janeiro deste ano, o Rio do Braz está recebendo uma atenção especial da Casan, como a ampliação da estação de tratamento em mais 100 litros por segundo para absorver, basicamente, a água da chuva oriunda de ligações irregulares, um investimento de R$ 8 milhões. O texto também lembra que para melhorar a balneabilidade de uma praia são necessários: a rede de coleta e tratamento de esgoto, que é responsabilidade da Casan, a correta ligação das residências à rede de esgoto, uma responsabilidade dos cidadãos, e um adequado sistema de macrodrenagem das águas de chuva, uma responsabilidade da prefeitura.
Ataques de Gean
Terminais de transporte coletivo integrado
— Uma das propagandas de Gean foca o ataque em um dos principais temas desta campanha na Capital: a mobilidade urbana. A crítica à adversária é sobre os terminais de transporte coletivo integrado, citando as estruturas nos bairros Jardim Atlântico, Capoeiras e Saco dos Limões, construídos na administração da pepista e que nunca funcionaram. Uma das frases do programa é “desperdício de dinheiro público, mais uma obra da gestão Angela Amin”.
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— Angela não chegou a ter uma inserção específica respondendo a crítica aos terminais. O assunto é tratado ao longo dos programas eleitorais, debates e entrevistas. As respostas giram em torno do fato do Plamus (plano que vai trabalhar a mobilidade urbana de modo integrado na região) prever o uso dos terminais construídos na época em que ela foi prefeita. Também há críticas pelo governo de Dário Berger, do qual Gean participou, ter feito poucas melhorias no transporte desde que a pepista deixou a administração municipal.
— Aqui também há razão em parte para os dois candidatos. O sistema de transporte coletivo, especialmente a integração da Grande Florianópolis, pouco avançou nos governos de Dário Berger, mas essa realidade continuou também na gestão Cesar Souza Junior (PSD), que apoia Angela Amin. Por outro lado, o Plamus realmente prevê mais terminais integrados nos moldes dos erguidos pela pepista. Porém, a localização exata não é a mesma e ainda é incerto como estas estruturas atuais podem ser usadas futuramente.
Banco Santos
— Gean veicula inserção mostrando que em setembro de 2004, a administração de Angela Amin transferiu R$ 18 milhões do caixa dos servidores municipais para o Banco Santos, que decretou falência 42 dias depois. A propaganda destaca o que seria o valor atualizado da dívida (R$ 31 milhões) e questiona então se isso é uma “gestão eficiente”.
— Angela rebate em seu programa dizendo que novamente Gean traz um assunto velho para a campanha. A explicação é que o dinheiro foi aplicado com recomendação do Banco Central, que fez ele mesmo aplicação e recomendou o investimento a outras 121 prefeituras do país. Diz ainda que o “dinheiro não sumiu”, afirmando que metade já voltou para os cofres públicos e que o restante também está sendo recuperado.
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— O juiz eleitoral Alcides Vettorazzi suspendeu a propaganda de Gean por apontar que ela diz, em valores corrigidos, que “R$ 31 milhões de seu dinheiro desapareceram” após a falência da instituição bancária. De acordo com Vetorrazzi, a frase contém “inverdades” porque os valores aplicados “se constituem em crédito dos aplicadores frente à massa falida” e confirma que eles estão sendo devolvidos. Além disso, o magistrado alega que a expressão “seu dinheiro” leva ao entendimento de que são recursos dos eleitores, quando, na verdade, restringem-se aos servidores municipais.
Animais
— O programa de Gean afirma que quando Angela foi prefeita, Florianópolis foi destaque nacional por maus tratos a animais, destacando notícias da época, no ano 2000. A propaganda diz que a pepista instituiu a carrocinha, capturando e sacrificando animais de rua caso os donos não os buscassem no canil da prefeitura em sete dias. “Esse prêmio não aparece na propaganda de Angela Amin”, encerra a inserção do peemedebista.
— Angela responde com outra inserção, afirmando que em 2000 a Capital sofria o risco de um surto de raiva animal, com mais de 5 mil animais abandonados nas ruas. Diz que a Vigilância Sanitária exigiu providências e a Câmara promulgou uma lei que obrigava a prefeitura a retirar os animais das ruas. Acrescenta ainda que Angela jamais recebeu qualquer processo ou repreensão de órgãos de defesa dos animais e que a atuação da pepista foi fundamental para controlar o surto de raiva. Finaliza informando que em dezembro de 2001 Angela sancionou uma nova lei de controle e proteção aos animais e prevenção de zoonoses, que vale até hoje. “Os responsáveis pela propaganda serão processados por injúria, calúnia e difamação”, conclui.
— Há parte de razão para os dois candidatos. Na época, a Capital realmente sofria com milhares de cães abandonados nas ruas e a Vigilância Sanitária recomendou o recolhimento por conta do risco à saúde pública. No entanto, o modelo adotado e o sacrifício de animais foi criticado, sendo aceito por algumas entidades ligadas à proteção dos animais apenas depois de esgotadas todas as possibilidades (tratamento, adoção, busca por donos no caso de animais perdidos, etc). Em 2004, o sacrifício destes animais que não ofereciam qualquer tipo de risco sanitário ou de agressividade foi proibido pela Justiça Federal.
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