O primeiro julgamento da tragédia na boate Kiss transcorreu de forma tranquila nesta terça-feira, em Santa Maria. Dos oito bombeiros que respondem à Justiça Militar por falhas relacionadas ao incêndio, três foram ouvidos no primeiro dia de julgamento. As sentenças deverão ser anunciadas no fim da tarde de quarta-feira, depois que os outros quatro oficiais forem prestarem esclarecimentos.
Continua depois da publicidade
Leia todas as notícias sobre o Caso Kiss
Veja como foi a cobertura em tempo real do julgamento:
A audiência teve início às 9h30min. Antes disso, um grupo de pais de vítimas instalou faixas em frente ao prédio, em um protesto silencioso, observado por policiais militares. Não houve tumulto.
Continua depois da publicidade
A primeira parte do julgamento é acompanhada por 60 pessoas e envolve a leitura de trechos do inquérito a pedido da defesa e da acusação. Na parte reservada ao público, a maioria dos presentes é composta de bombeiros. Ao longo do dia, os promotores de Justiça terão três horas para sustentar sua posição e os defensores terão outras três horas.
Nesta terça-feira, estão sendo julgados três oficiais: o ex-comandante do 4º Comando Regional dos Bombeiros, tenente-coronel da reserva Moisés Fuchs, o também tenente-coronel da reserva, Daniel da Silva Adriano, que chefiava a Seção de Prevenção a Incêndio (SPI) à época da concessão do primeiro alvará da boate, e o capitão Alex da Rocha Camillo, que assinou o segundo alvará da casa noturna.
Fuchs responde por duas acusações: prevaricação, por não ter aplicado as sanções que deveria diante da comprovação de que um de seus bombeiros (o sargento Roberto Flávio da Silveira e Souza) gerenciava uma empresa chamada Hidramix, que fez obras dentro da boate, e inserção de declaração falsa a fim de alterar a verdade em documento público. Neste caso, por autorizar a expedição de alvarás nos quais se lia “conforme a legislação vigente”, embora não tivesse sido observada a portaria 64, que regula a aplicação, pelos órgãos de Bombeiros da Brigada Militar, da Lei Estadual nº 10.987 de 11 de agosto de 1997, das normas técnicas de prevenção contra incêndios no Estado.
Continua depois da publicidade
Camillo e Adriano respondem por inserção de declaração falsa a fim de alterar a verdade em documento público. As sentenças serão anunciadas no fim da tarde de quarta-feira. Cabe recurso da decisão, a ser analisado em segunda instância no Tribunal de Justiça Militar do Estado, em Porto Alegre.
O julgamento é composto por cinco votos dos integrantes do Conselho Especial de Justiça composto por uma juíza de Direito (concursada) e quatro juízes militares, oficiais da Brigada Militar de Porto Alegre. Vence a maioria dos votos.
O resultado do julgamento pode ser a condenação, absolvição ou desclassificação de um ou mais crimes. Os acusados respondem pelos crimes militares de prevaricação, inobservância da lei e inserção de declaração falsa em documento público. No caso de condenação, o conselho pode optar pela suspensão condicional da execução da pena. Ou seja, pode determinar que o réu cumpra certas exigências definidas pelo conselho em vez de ir para a prisão.
Continua depois da publicidade
A substituição está prevista no Código Penal Militar para crimes com pena inferior a dois anos e que não tenham restrição ao benefício, como crime de violência a um superior, por exemplo. Além disso, só têm direito os réus sem antecedentes.
O PROCESSO
– Em 23 agosto de 2013, a Justiça Militar recebeu a denúncia do MP, abriu processo contra oito réus
– A fase de instrução começou em 5 de novembro de 2013. 18 testemunhas de acusação foram ouvidas. Na defesa, foram 19
Continua depois da publicidade
– O interrogatório dos réus foi adiado duas vezes porque a Corregedoria da Brigada Militar não havia respondido a questionamentos feitos pelo MP
– Os réus foram interrogados nos dias 22 e 23 de maio deste ano e foi marcado o julgamento para esta terça e quarta-feira
Familiares acompanham julgamento em frente à Justiça Militar:
O JULGAMENTO
Continua depois da publicidade
– O Ministério Público terá três horas para sustentar a acusação
– As defesas de todos os réus terão de dividir o tempo de três horas para as suas argumentações
– Pode haver réplica por parte do MP, cujo tempo é de uma hora, e tréplica por parte da defesa, também com tempo de uma hora
– O rito se repete nos dois dias
– O julgamento, é composto por cinco votos – da juíza de Direito (concursada) e dos quatro juízes militares do Conselho Especial de Justiça -, todos têm peso igual
Continua depois da publicidade
– Ao final do segundo dia, a juíza Viviane de Freitas Pereira fará uma apreciação geral, individualizará a conduta de cada réu e anunciará o veredito e a pena. A seguir, os quatro juízes militares votam e justificam. Vale o voto da maioria
– Os réus podem ser condenados, absolvidos ou podem ter o crime desclassificado de um tipo penal para outro. Isso pode alterar a pena
– Em caso de condenação, pode haver suspensão condicional da execução da pena, ou seja, os juízes podem determinar que, em vez de cumprir pena de detenção, o réu se comprometa a cumprir determinações estipuladas pelo Conselho Especial de Justiça
Continua depois da publicidade
– Ainda caberá, aos réus, recurso ao Tribunal de Justiça Militar do Estado
– A juíza terá oito dias para redigir a sentença
Veja como será o julgamento:
*Zero Hora