Incluídas na faixa etária de risco para complicações do novo coronavírus, pessoas com mais de 60 anos têm resistido ao isolamento social em cidades catarinenses e de todo o país.

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As medidas de restrição são defendidas pelas autoridades para evitar a propagação da covid-19 e diminuir a sua velocidade, amortecendo assim o impacto no sistema de saúde.

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Para a médica geriatra Juliane Felipe Ferrari, que atua na rede pública de Florianópolis, nessas horas, conversar é a melhor saída. Ela defende que orientações claras e informações confiáveis sobre os riscos do novo coronavírus devem ser a base dos argumentos.

Ela explica que é importante fazer com que os idosos estejam cientes de que o novo coronavírus é uma doença que realmente tem a capacidade de deixá-los mais doentes.

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— As pessoas mais idosas têm que entender que elas são realmente um grupo de risco, não somente por terem mais idade, mas por terem mais doenças crônicas que acabam sendo fatores de risco para complicações do novo coronavírus. Quadros de pressão alta, diabetes, doença pulmonar e doença cardíaca, muitas vezes já controlados, podem descompensar — ressalta a médica.

Suporte familiar

Juliane Felipe Ferrari considera, contudo, que a resistência de muitos idosos a praticarem o isolamento social se deve ao fato de que muitos deles vivem longe dos filhos e da família e já enfrentam a solidão em suas rotinas.

— Sair de casa muitas vezes é a única maneira de seguir em frente, de socializar indo à farmácia ou à padaria. Tem idosos que vão ao posto de saúde onde trabalho todos os dias, e só para conversar — afirma a médica.

Desse modo, a geriatra acredita que o convencimento sobre a importância da quarentena passa por mais suporte familiar. Ela ressalta que é necessário que os idosos se sintam seguros, que saibam que não vão correr risco de ficar sem itens básicos e sozinhos demais, por exemplo.

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— Tenho percebido que os idosos que contam com a assistência dos filhos têm ficado mais tranquilos e aceitado melhor o isolamento. É preciso levar em conta que há diferenças culturais e socioeconômicas que também interferem nessa situação — avalia.

Veja algumas dicas para argumentar com a população idosa:

– Conversar e fornecer informações confiáveis sobre a situação, apontando os riscos e a importância do isolamento principalmente para as pessoas com mais de 60 anos;

– Manter-se presente, mesmo que não fisicamente, para dar suporte e segurança nesse momento – chamadas de vídeo podem ser uma boa opção;

– Ajudar em tarefas como ir à padaria e ao mercado;

– Orientar que a decisão de se privar do convívio social momentaneamente não afeta apenas a própria população idosa, mas também seus filhos, netos e familiares – ao ficar em casa, eles também estão protegendo as pessoas que amam;

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– Ressaltar que há pessoas que precisam estar nas ruas nesse momento, como profissionais da saúde e policiais, e que se manter em isolamento é uma maneira de ajuda-los na tarefa de combater à pandemia.