O vazamento da informação, na sexta-feira, de que a Justiça determinaria a prisão preventiva do ex-deputado estadual Nilson Nelson Machado, o Duduco, teriam permitido que ele fugisse antes de ser detido pela polícia. Essa é a conclusão do diretor regional de Polícia Civil da Grande Florianópolis, delegado Ilson Silva, que determinou a abertura de inquérito para apurar o vazamento. Além de estupro de vulnerável e maus-tratos, Duduco foi denunciado pelo Ministério Público por tentativa de coação de testemunhas.

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A Justiça emitiu a ordem para prender Duduco na sexta-feira, às 19h10min, mas a Polícia Civil soube do aval à prisão bem depois, no final da tarde de segunda-feira. O delegado Ilson Silva contou ter tomado conhecimento pela imprensa, que buscava saber se o procurado havia sido localizado. Ele ordenou então que uma equipe fosse formada para capturar o ex-deputado estadual.

Uma dupla de delegados e cinco agentes saíram às 17h20min de segunda para a casa de Duduco e não encontraram ninguém. Tentaram a casa da irmã dele e foram informados que, diante da notícia de que a Justiça determinaria a prisão preventiva, o ex-deputado foi para local desconhecido ainda na sexta.

O advogado de defesa de Duduco, Hélio Brasil, não respondeu ao DC se conversou com o cliente desde que foi expedido o mandado de prisão. Ele declarou que os detalhes da denúncia do MP não poderiam ter chegado à imprensa e que vai tomar medidas sobre esse aspecto. Na época da veiculação das primeiras reportagens mostrando as denúncias, o suspeito justificou que as acusações não passavam de briga familiar.

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Crianças que estavam no lar foram transferidas

A advogada das vítimas, Jackie Anacleto, afirma que Duduco teria oferecido dinheiro para pessoas que prestaram depoimento contra ele mudarem as versões. Em relação às crianças que moravam com o ex-deputado estadual, ela contou que Duduco teria usado a autoridade de pai para coagi-las a alterar as declarações. O abrigo mantido por ele estava desativado e apenas sete crianças ainda viviam na casa.

De acordo com a advogada, em 7 de maio o Ministério Público (MP) pediu que as crianças fossem ouvidas e quatro delas contaram que foram abusadas. O promotor do caso e a Justiça não confirmaram as acusações porque o processo corre em segredo de justiça. A assessoria de imprensa do MP informou apenas que as crianças ainda sob tutela do ex-deputado foram transferidas. Uma voltou para a família e as demais para casas de acolhimento.