O Vaticano não descarta uma reunião do papa Francisco com Fidel Castro durante sua visita à Havana, um encontro histórico que poderá acontecer no próximo fim de semana, dentro de sua visita de oito dias a Cuba e aos Estados Unidos.
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“Uma reunião com Fidel é possível, apesar de não estar prevista em um momento específico do programa”, afirmou o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi.
O pontífice permanecerá na ilha comunista de 19 a 22 de setembro, e depois partirá para os Estados Unidos, onde visitará Washington, Nova York e Filadélfia.
“O desejo de celebrar o encontro foi manifestado por seu irmão, o presidente Raúl Castro, durante a reunião com o Papa”, acrescentou Lombardi.
“Trata-se de um encontro verossímil e pode acontecer em Havana”, acrescentou.
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Lombardi, no entanto, descartou novamente que o papa tenha uma reunião prevista durante sua permanência em Cuba com os representantes da guerrilha colombiana das Farc, que negociam um acordo de paz com Bogotá na ilha.
“Sua santidade é a favor das negociações, mas não pensa em reunir-se com uma das partes. Nada está previsto. Claro que o papa pode decidir mudar seu programa quando quiser”, destacou, no entanto.
Desde segunda-feira, os meios de comunicação cubanos, sob o controle estatal, divulgam notícias e detalhes da estadia papal, que incluirá missas nas cidades orientais de Holguín e Santiago de Cuba.
A televisão local apresentou na noite de segunda-feira o arcebispo de Santiago de Cuba, Dionisio García, presidente da Conferência Episcopal, em uma incomum entrevista explicando a visita à população.
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Nesta terça-feira, o jornal oficial Granma afirmou em um editorial que o papa Francisco será recebido com respeito, afeto e hospitalidade e os peregrinos estrangeiros que viajarem à ilha também serão acolhidos com amabilidade.
“Sua Santidade poderá apreciar o respeito, afeto e hospitalidade que todos ofereceremos a ele durante sua estadia em nossa Pátria”, disse o Granma, órgão do Partido Comunista de Cuba (PCC, único), em um editorial.
Acrescentou que “os peregrinos de outras partes do mundo que quiserem nos acompanhar nesta significativa ocasião serão acolhidos com a amabilidade que caracteriza os cubanos”.
Com sua viagem a Cuba e Estados Unidos, Francisco demonstra o interesse pelos dois países, depois da mediação que conduziu e culminou no histórico restabelecimento de relações, no dia 20 de julho.
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“Ouviremos as palavras de Sua Santidade com respeito e atenção, mostrando que somos um povo educado e nobre, que como digno anfitrião apresentará sua história, cultura e tradições”, disse o Granma.
“Francisco constatará nosso patriotismo e o árduo e frutífero esforço da Nação para enaltecer o ser humano, pela justiça e cultura; por este mundo melhor que não apenas é possível, mas indispensável”, acrescentou.
O editorial foi antecedido por um encontro do vice-presidente primeiro, Miguel Díaz-Canel, com uma centena de representantes de instituições religiosas e associações, às quais explicou as características da visita papal, disse o Granma.
Trata-se da continuidade de um diálogo entre o Estado e as instituições religiosas não católicas iniciado há 30 anos pelo então presidente Fidel Castro.
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As relações entre a Igreja e o Estado em Cuba foram ondulantes, com períodos de fortes divergências, até a visita de João Paulo II em 1998, quando começaram a ser fluidas. Bento XVI visitou a ilha em 2012.
* AFP