Nesta quinta-feira (11), o governo de Santa Catarina confirmou o primeiro caso de infecção por uma nova variante do coronavírus. Trata-se da cepa identificada no Amazonas, o paciente em SC é morador de Joinville e esteve em Manaus no início do ano.
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Desde que foi notificado em dezembro de 2019 no distrito chinês de Wuhan, o coronavírus sofreu mutações. No Sars CoV-2, essas variações ocorrem no RNA viral, que é quem carrega suas “informações”. Das centenas de variantes que circulam pelo mundo, pelo menos quatro delas preocupam os cientistas, entre elas duas que foram identificadas no Brasil.
A primeira variante que chamou atenção foi identificada no Reino Unido. Nomeada de B.1.1.7, ela é considerada mais transmissível do que o vírus “original”. A África do Sul também registrou variantes do coronavírus em dezembro do ano passado. No Brasil, pelo menos foram identificadas. A primeira delas, a P.1., detectada inicialmente em Manaus.
Em entrevista à CBN na tarde desta quinta-feira (11), o superintendente de Vigilância em Saúde de SC, Eduardo Macário, disse que o paciente infectado pela nova variante em SC está bem e que a identificação de novos casos segue um protocolo de isolamento, monitoramento e sequenciamento.
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— O que nós fazemos é orientar as pessoas que vieram dessas áreas que caso elas apresentem sintomas, elas procurem as unidades de saúde e informem que estiveram neste locais justamente para que o protocolo possa verificar esses casos suspeitos para fazer isolamento, monitoramento de contato e encaminhar para sequenciamento — declarou Macário.
Para entender melhor o que significa variantes, mutações, cepas e linhagens, o Diário Catarinense ouviu o pesquisador em imunologia e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Daniel Mansur.
O que são mutações e variantes?
A mutação é algo natural em qualquer organismo. Contudo, o Sars-CoV-2, apresenta uma taxa de replicação muito maior por ter o genoma feito de RNA. Segundo Mansur, tal fato provoca erros com mais frequência na hora de replicar.
— Tem uma analogia de um amigo que diz que quando você vai tirando xerox de xerox, depois do centésimo ele não é igual ao primeiro. Não necessariamente ele muda o que é documento, mas ele não o mesmo. […] Quanto maior é a pandemia, maior é a chance de aparecerem essas variantes — comenta.
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A variante pode ser entendida como resultado desse processo de mutação. O vírus vai se adaptar às variações, selecionando as que lhe conferem vantagens. Essa ação, explica o pesquisador, não tem relação necessariamente com o vírus ser mais letal, nem com o aumento de sua propagação.
Linhagens e cepas
As linhagens são um conjunto de variantes que se originaram de um vírus. Mansur afirma que não há um consenso para definir um número exato de variações que caracterizam uma nova linhagem, mas que o comportamento é de substituição da antiga por uma nova.
— Apareceu a variante lá no Reino Unido e aí de repente eu vi que todos os vírus que estavam lá ou 80% dos vírus que estavam aparecendo são iguais esse ou muito parecidos. Então consideramos isso uma nova linhagem de vírus. Ela substitui uma linhagem antiga — diz,
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Já as cepas, explica Mansur, são variantes ou um grupo variantes dentro de uma linhagem que se comportam diferente do vírus original. Ele dá como exemplo o caso da variante de Manaus e o paciente identificado com ela em Joinville.
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— Vamos imaginar assim: agora a nova linhagem é a de Manaus e chamar de Sars-Cov 2 Manaus. Vamos supor que nessa pessoa de Joinville, eu identifiquei todos os marcadores que tem na cepa de Manaus, só que ela é um pouquinho diferente, em razão das mutações de um vírus de RNA que está se multiplicando. Ai será a variante de Manaus e a cepa de Joinville — esclarece.