O caso de Vanisse Venturi, morta em Agronômica no ano passado, teve mais um desdobramento. O Ministério Público de Santa Catarina apresentou denúncia contra o marido dela por feminicídio e ocultação de cadáver. O juiz Claudio Marcio Areco Junior, da Vara Criminal de Rio do Sul, acatou e converteu a prisão temporária em preventiva. O homem deve seguir no Presídio Regional de Rio do Sul até o julgamento. 

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Segundo o promotor Felipe de Oliveira Neiva, as provas indicam que o marido matou a esposa porque não queria dividir os bens durante o divórcio litigioso. A investigação aponta que Vanisse foi morta depois das 18h de 22 de julho de 2020 no galpão da família, ao lado da casa onde o casal vivia com os dois filhos. O corpo dela nunca foi encontrado, mesmo após buscas com cães farejadores. 

As apurações dão conta de que o crime ocorreu momentos depois de Isonir Venturi receber uma mensagem da advogada de Vanisse. Um vizinho viu os dois indo para o galpão por volta das 18h e meia hora depois só o homem deixou o local. O tênis que a mulher teria usado quando ia ao galpão foi encontrado pela polícia na casa da família, conforme o Ministério Público, 

— Mesmo sem a localização do corpo, depois de uma exaustiva investigação, há fortes indícios de que a vítima teve sua vida ceifada no conforto de seu lar pelo seu marido, ressaltando-se que ele apresentou versões destoantes dos fartos elementos probatórios colhidos na fase administrativa — completa o promotor de Justiça.

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Bombeiros usando cães farejadores procuraram por pistas de Vanisse
Bombeiros usando cães farejadores procuraram por pistas de Vanisse (Foto: Corpo de Bombeiros, Divulgação)

A ocultação do cadáver

Conforme as investigações, o marido recebeu a visita do cunhado, irmão da vítima, por volta das 19h20, e disse que a esposa não estava em casa. Depois, diferente da rotina da família, ainda preparou o jantar para os filhos, alegando que a mãe estava no quarto, com a porta chaveada, por causa de dor de cabeça.

Perto das 22h, sem saber que era observado pelo filho mais novo, de 12 anos, o homem pegou uma lanterna e saiu da casa. Em seguida, foi visto por um vizinho entrando novamente no galpão. O objetivo, de acordo com a denúncia do Ministério Público, seria preparar o corpo e deixá-lo acessível ao irmão, que se encarregaria de ocultá-lo na madrugada.

O cunhado de Vanisse chegou a ficar preso por 30 dias. Isael Venturi deixou a prisão na semana passada e vai responder por ocultação de cadáver. Ele nega que tenha estado na casa naquela noite, mas o promotor afirma ter evidências concretas de que o homem estava na região. As mensagens trocadas entre ele e o irmão por aplicativo de mensagens foram todas apagadas antes da perícia da polícia. 

A Justiça autorizou a quebra do sigilo telemático, bancário e fiscal de Isonir, bem como medidas para assegurar uma possível indenização dos filhos em R$ 5 milhões pela perda da mãe. Vanisse e Isonir ficaram casados por cerca de 20 anos e não tinham histórico de agressões. O casal tinha dois filhos, de 12 e 18 anos, que ficaram morando com o pai até ele ser preso suspeito da morte da mãe. 

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Contraponto

O advogado Valério Ernestino Sens faz a defesa dos irmãos Venturi e afirma que nenhum dos dois cometeu qualquer crime que seja. 

Ele contesta a prisão de Isonir e defende que “indícios não são provas” e não se pode prender alguém ou imputar crime tão grave sem evidências concretas. 

Quanto à Isael, diz que os registros do aparelho celular do cliente vão provar que ele não esteve na casa do irmão e as mensagens irão mostrar que não houve conversas sobre o crime. 

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