Talvez nem Piper Kerman nem Jenji Kohan pudessem criar um roteiro tão surpreendente e surreal quanto a história real de Suzane von Richthofen. Piper e Jenji são as criadoras de Orange Is the New Black, a bem-sucedida série do Netflix, justamente baseada em uma história real, que retrata o cotidiano de uma penitenciária feminina. É bem verdade que os casos relatados no livro homônimo de Piper, que deu origem à produção, são muito menos instigantes do que os mostrados na série, mas o caso da brasileira supera – e muito – a ficção.

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Nem os requintes de crueldade dos crimes das personagens envolvidas nem as reviravoltas das histórias poderiam ser tão criativos. Sem dúvida, Suzane mereceria “roubar” o lugar de protagonista de Piper (vivida por Taylor Schilling). E Elize Matsunaga – que matou o marido esquartejado e perdeu a namorada para Suzane – poderia herdar o posto de Alex Vause (interpretada com maestria por Laura Prepon).

Na ficção, Piper cometeu um crime quando tinha 20 e poucos anos, e 10 anos depois paga por ele. Seu deslize: ter transportado uma mala de dinheiro do tráfico de drogas de um país a outro a pedido da então namorada Alex – que ela acaba reencontrado na cadeia. Quer dizer, um crime leve se comparado ao de Suzane – condenada pela morte dos pais em 2002.

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A trajetória de Suzane na prisão é bem parecida com o de muitas detentas da penitenciária de Litchfield – aliás, Tremembé bem poderia ser cenário para essa nova produção, já que abriga, além de Suzane e Elize, Anna Carolina Jatobá, a madrasta de Isabella Nardoni. Na cadeia fictícia, muitas mulheres acabam se tornando evangélicas ou se relacionando com colegas de encarceramento – muitas delas só vão ter relações com outras mulheres em seu período “sabático”. Tem aquelas que são mais sedutoras e, por isso, conseguem tudo o que querem. O que parece ser o caso da brasileira.

Suzane reúne em si todos esses elementos, tornando-se um personagem singular. Já pipocam nas redes sociais sugestões de elenco para dar vida as histórias de Suzane, Elize e Anna Carolina. Deborah Secco é a preferida para ser a protagonista e Adriana Esteves, a antagonista. Vilã, nesse caso, não existe.

Até para quem aguardava ansiosamente pela terceira temporada de OITNB – que só chega no Netflix em meados de 2015 -, a história de Suzane foi uma surpresa. Só que não tem nada de ficção.

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