A Vanessa Silveira que aparece nas fotografias de cinco anos atrás e a mulher feliz de hoje têm uma semelhança: o sorriso.

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É assim que ela aparece em todas as fotos tiradas no período em que fazia o tratamento contra o câncer de mama. Mudava a cor do lenço, que tinha aos montes, o estilo da peruca – que confessa ter usado poucas vezes por não se sentir muito confortável – ou sem eles, exibindo a cabeça sem um fio de cabelo, mas a expressão era a mesma: a de uma joinvilense que enxergou beleza na vida até no momento mais difícil.

Ela tinha 28 anos, passava por um processo de separação e seu filho tinha apenas dois meses de idade quando soube do câncer no seio esquerdo. Foi amamentando o bebê, aliás, que sentiu o nódulo. Nem passou pela cabeça dela que poderia ser algo mais sério, mas foi ao médico por insistência da mãe e acabou recebendo a notícia que jamais esperava.

Mas ela não se deixou abater. Juntou forças para enfrentar aquele momento da melhor maneira possível.

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– Sempre tive cabelo comprido, era bem vaidosa, mas quando comecei a quimioterapia e o cabelo foi caindo, liguei para meu irmão e ele foi até minha casa com a máquina raspar minha cabeça. Não chorei por isso. O pior momento mesmo foi não poder segurar meu filho nos braços por causa da cirurgia – lembra. Quem a ajudou foi a mãe, que também queria raspar a cabeça em solidariedade à filha, mas Vanessa não concordou.

Ela conta que a transformação no corpo por causa da mastectomia também foi difícil. Vanessa não pôde fazer a reconstrução imediatamente, apenas colocou um expansor provisório no seio e acabou esperando quase cinco anos para fazer a cirurgia de reconstrução porque queria esperar o filho crescer um pouco mais antes de submeter-se a outra operação.

Para virar o jogo, enquanto se tratava, ela tentou manter a autoestima da melhor maneira possível – claro que com todas as restrições que a doença impõe.

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Vanessa ia ao salão quase toda semana para desenhar as sobrancelhas com hena, comprou lenços e mais lenços de todas as estampas para combinar com as suas roupas e quis voltar para o trabalho como analista de sistemas na Totvs assim que se sentiu pronta, quatro meses antes de a licença médica terminar. E quem a encontrava, a via sempre da mesma maneira: de bem com a vida.

– Depois que tu tens uma doença dessa, revê muita coisa. Eu vi muita gente pior do que eu na sala de quimioterapia. Sempre fui bem positiva, tinha minhas amigas por perto o tempo inteiro, além do meu filho, que me traz tanta alegria… – conta.

O câncer de mama, para Vanessa, foi uma lição de amadurecimento e, segundo ela, serviu para dar ainda mais valor à vida.

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