Ao assumir o comando-geral da Polícia Militar de Santa Catarina, nesta segunda-feira, o coronel Valdemir Cabral prometeu medidas internas para incrementar o policiamento ostensivo nas ruas. Ele anunciou que vai tirar PMs que estão em zona de conforto, mudar escalas e horários, e o que for preciso para aumentar o efetivo no combate direto à criminalidade. Cabral entro no lugar do então comandante, coronel Nazareno Marcineiro, que entrou para a reserva.
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A solenidade de passagem do posto aconteceu no final da tarde, no Centro de Ensino da PM, na Trindade, em Florianópolis, no dia de aniversário de 179 anos da corporação, com a presença do governador Raimundo Colombo. Antes, o coronel Cabral conversou com o Diário Catarinense. Abaixo os principais trechos:
Diário Catarinense _ Qual será a sua primeira medida?
Valdemir Cabral _ Conversar com todos os comandantes e vamos tentar modificar umas posturas, o policiamento ostensivo da cidade. Eu vou pedir maior ostensividade, que as pessoas consigam visuaizar viaturas e policiamento a pé, com motos, bicicletas. A gente sente um pouco essa carência. A maior necessidade da população é a sensação de segurança, em ver o policial.
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DC _ Essa ação será em Florianópolis ou em todo o Estado?
Cabral _ Em todo o Estado, mas iniciando por Florianópolis. Claro que temos carência de efetivo, mas vamos buscar alternativas nas áreas de maior concentração de pessoas, para que a gente possa fazer com que a comunidade interaja mais com a PM.
DC _ O senhor vem do Bope. Vai tornar a PM mais operacional?
Cabral _ A PM já é operacional. Eu quero torná-la mais ostensiva, isso sim. Nós temos problema de efetivo, temos, mas temos que achar soluções, horários, modificações de escalas, estatísticas de horários de maior incidência de crimes. Vai ter que tirar de repente algumas pessoas da zona de conforto.
DC _ O senhor vê a curto prazo possibilidade de melhoria no efetivo?
Cabral _ Nesses três anos e quatro meses o governo do Estado já proporcionou o ingresso de 2,5 mil novos policiais. Só que isso foi do governo atual. Os governos anteriores não tiveram essa mesma política. Por isso que estamos com efetivo de hoje o mesmo de 30 anos atrás, 11 mil homens, enquanto a população cresceu.
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DC _ Até o final do ano quantos serão incorporados?
Cabral _ Em julho mil se formam, e temos concurso aberto de mais 500. Ano que vem faremos concurso para mais 1,5 mil.
DC _ As estatísticas mostram queda no número de homicídios, mas aumento no de roubos em SC. Como vê isso?
Cabral _ A gente está todo o dia nas ruas e sente que está havendo… os marginais já não dão muita a atenção, não tem muito a preocupação de ficar presos. Alguns com ficha bastante considerável, pega hoje e no outro dia a gente pega o mesmo. Tem que haver mudança na legislação. É o prende e solta. Não é culpa da PM, da Civil, do MP ou do Judiciário. São as leis, é lá em Brasília. Temos que ver quem estamos colocando como representantes nossos.
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DC _ Com relação ao tráfico de drogas, grande problema de SC, há quem fale na criação das UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora) em Florianópolis. Qual a sua opinião a respeito?
Cabral _ Não há necessidade da criação de UPPS. Diria que as pessoas poderiam fazer campanha para a criação de colégios de 12 horas, creches, algumas escolas profissionalizantes, isso sim vai tirar os traficantes das ruas. Há uma inversão muito grande no Brasil que acha que a segurança é dever da polícia. A polícia deve mantê-la, mas a educação… Faltam políticas sociais.
DC _ A situação financeira da PM não estaria boa. Procede isso?
Cabral _ Não, está bem. Temos um corte no orçamento, isso já foi encaminhado para o governo do Estado e isso vai ser resolvido. São R$ 12 milhões que faltam para fechar o caixa até o final do ano.
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DC _ Isso afetará a segurança nas ruas com algum tipo de corte em serviços?
Cabral _ Não afeta nada, nenhum tipo de corte à população.