Quando o Brasil se candidatou para receber a Copa do Mundo 2014, o povo brasileiro apoiou a ideia e comemorou a escolha de nosso país para sediar o maior evento esportivo do planeta. Teríamos a Copa do Mundo no país do futebol.
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País do futebol e de gente pacata, ordeira e feliz, mesmo com tantos problemas que sempre afligiram nosso Brasil. Os anos passaram, os gastos com estádios foram às alturas e a maior parte das obras de infraestrutura das cidades-sede continuam inacabadas. E foi desta forma que a alegria virou revolta.
Revolta de um povo que paga uma das mais altas cargas tributárias do mundo, que clama não somente por saúde, educação, segurança pública, mas em especial por dignidade. Essa revolta virou protesto e de alguma forma, sem ninguém saber como realmente tudo começou, no ano passado o povo brasileiro saiu da inércia e tomou as ruas inesperadamente, em um grande movimento democrático, que mandou um recado aos nossos governantes: Não estamos satisfeitos. Claramente, nós evoluímos de um povo apático e imóvel para um novo brasileiro, que começou a protestar e a cobrar.
Mas, e agora? A Copa do Mundo está começando, e com ela a possibilidade de protestos nas mais variadas cidades do Brasil. Porém, será que protestos nesse momento resolveriam alguma coisa? Certamente, não. Se erramos ao trazer a Copa do Mundo para o Brasil, esses erros já foram cometidos e não será agora que vamos resolvê-los. Teremos tempo para isso. O tempo certo.
Será um vexame sem igual se fizermos protestos durante a Copa do Mundo, quando os olhos de mais de 3 bilhões de pessoas de todo o planeta estarão sobre nós. Não faz sentido achar que festa de aniversário do filho é hora adequada para marido e mulher discutirem a relação, em frente a todos os convidados.
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Nosso Brasil avançou muito nos últimos 20 anos e, apesar de todos os desafios econômicos, estamos nos firmando como uma grande potência mundial. Protestos acompanhados de baderna, desordem e violência durante a Copa do Mundo vão refletir de maneira sem precedentes na situação do nosso País, especialmente na maneira como o mundo nos vê, na atração de investimentos e no nosso processo de desenvolvimento econômico.
Somos um País com problemas, certamente. Mas não são os problemas que devemos expor ao mundo. Os problemas caberão a nós mesmos resolvermos, após a Copa. Temos que aproveitar esta oportunidade, com os holofotes do mundo acesos e direcionados para o Brasil, e mostrar nossa alegria, nossa garra, bom humor e criatividade. Mostrar o que o Brasil tem de bom e não as nossas mazelas. Quando as luzes apagarem e os visitantes forem embora chegará o momento de discutir os nossos problemas com a profundidade e a urgência que exigem.
A Copa do Mundo não é do governo, a Copa do Mundo é nossa. O Brasil não é de quem o governa, o Brasil é do povo brasileiro. Vamos fazer dessa Copa do Mundo nosso cartão de visitas para o planeta e mostrar não os nossos problemas, mas tudo aquilo que temos de bom. Temos a oportunidade de seduzir o mundo. Viva o povo brasileiro e viva o Brasil!