
Itajaí já vive intensamente a vela após a criação da Itajaí Sailing Team, equipe própria para marcar o nome no mundo da vela. E uma peça importante na implantação será André Fonseca Bochecha, catarinense e único representante do Brasil na Volvo Ocean Race. Ele será o treinador da equipe catarinense. Bochecha tem um currículo invejável, com participações em Olimpíadas, Mundiais e regatas oceânicas pelo mundo. O atleta conversou com o Diário Catarinense sobre o desafio de construir uma equipe que visa alavancar no Estado.
Continua depois da publicidade
Há muita expectativa em Itajaí pelo projeto?
A cidade de Itajaí está mobilizada para alavancar a vela no município e no Estado. O Itajaí Sailing Team é o foco principal desta ação, foi adquirido um veleiro de oceano e está sendo preparada uma equipe visando à participação em grandes competições. É um desafio, principalmente na tentativa de fazer com que a vela seja um esporte popular. Trata-se de uma iniciativa única, uma cidade aliada a um esporte, estão todos de parabéns.
Você é o treinador do time, qual a expectativa?
Continua depois da publicidade
Temos um barco novo, mais veloz, que pertencia ao Torben Grael, o melhor atleta de vela do Brasil, categoria nova, um nome como Marcelo Gusmão no comando e, claro, muita responsabilidade. Brinco que o treinador é que nem técnico de futebol, se for mal a culpa é dele, se for bem é mérito do time (risos). É importante lembrar que a entrada de Itajaí forte na vela é recente, então é preciso, paralelamente, formar jovens atletas, ter uma categoria de base forte e, junto a isso, será feito um trabalho de longo prazo, que envolve muitas competições, algumas até internacionais. O projeto é de 2016 até 2019 em sua primeira parte. Hoje a média de idade dos velejadores é muito alta, é preciso fomentar desde cedo para o esporte ganhar força. Temos um litoral maravilhoso, perfeito para a vela, um dos melhores do Brasil em condições de vento e qualidade de água. É preciso aproveitar tudo isso.

E sua expectativa em relação ao ano olímpico?
É uma pena que a gente esteja passando por um momento tão difícil no Brasil. Era para todo o foco estar na Olimpíada e infelizmente estamos falando muito pouco desta festa do esporte por conta do que acontece no país. É triste ver a mídia ter que se ocupar de escândalos, de política, de polícia, de crise econômica e não poder dedicar o espaço que os Jogos mereceriam. Mesmo assim sou otimista: acredito que o Rio de Janeiro conseguirá fazer uma grande Olimpíada.
E a vela brasileira na Olimpíada?
O Brasil vai ter sua melhor representação olímpica na vela. Quanto à raia, não há como negar as dificuldades ambientais da Baía de Guanabara. Jamais seria possível limpar uma área como aquela rapidamente, é um processo lento e que depende de muitas coisas. Com certeza alguns vão falar mal, mas também existe um pouco de exagero, seguimos velejando e competindo por lá. Mas, do ponto de vista esportivo, é uma vantagem muito grande em competições de vela quando o competidor conhece o local das provas profundamente. E na Baía de Guanabara, especificamente, vale muito o conhecimento. É um local de muita correnteza, tem uma pedra por ali que apronta muitos truques. É verdade que os estrangeiros, já sabendo disso, estão treinando direto por lá, mas, mesmo assim, tenho certeza que os brasileiros vão ter alguma vantagem e poderão, sim, lutar por medalhas.
Continua depois da publicidade