Ao concorrer pela terceira vez à Prefeitura de Joinville, o deputado estadual Kennedy Nunes (PSD) pega emprestado o bordão utilizado pelo governador Raimundo Colombo (PSD) durante as eleições 2010: trabalhar com as pessoas e pelas pessoas.

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Repetindo à exaustão a necessidade de transformar o contribuinte em cliente da Prefeitura, Kennedy defende a reformulação das secretarias regionais e transformação em subprefeituras para dar mais agilidade e atenção aos moradores.

Nesta entrevista, o deputado manteve suas bandeiras históricas, como a redução gradativa do preço da tarifa do transporte coletivo, apostando nesse item como sua principal medida, caso venha a ser eleito.

Criticando a administração Carlito Merss e atribuindo às administrações anteriores o ritmo lento da gestão Colombo, Kennedy diz que não se ressente da falta de apoio da principal liderança de seu partido.

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A Notícia – Qual o grande gargalo de Joinville?

Kennedy Nunes – O principal gargalo de Joinville está na saúde. Dentro da saúde, o principal problema está na quantidade de cirurgias represadas. E o outro grande problema da cidade está na mobilidade. É um problema das pessoas, porque não existe moto e carro sem pessoas. Quando se fala em mobilidade urbana, se fala na pessoa que não pode ficar presa no trânsito, que não pode perder tanto tempo no ônibus e não pode pagar tão caro, na pessoa que não tem como andar ao longo das vias com segurança. Precisamos de mais ciclovias e de uma série de outras medidas.

AN – O que está interrompendo esse fluxo tanto na saúde quanto na mobilidade?

Kennedy – É o atendimento para as pessoas. As pessoas não estão sendo atendidas no médico, na cirurgia, no posto de saúde. As pessoas não são atendidas ao andar de carro. O município peca em não atender às necessidades das pessoas. Precisamos mudar de conceito. É uma pregação que preciso fazer, de contribuinte para cliente, de usuário para cliente.

AN – Mudando esse conceito, o que acontece?

Kennedy – A mudança desse conceito faz com que a gente consiga, por exemplo, a redução do preço da passagem de ônibus em R$ 0,35 centavos. Por que essa quantia? Temos esse número da audiência pública do transporte e estamos estudando. Nossos técnicos perceberam que esse é o preço da gratuidade (passagem de graça para professores, pessoas com deficiência, bombeiros, policiais militares, entre outros). Para pagarmos essa gratuidade para que não influencie no valor do usuário comum, calculamos que será necessário R$ 1,4 milhão por mês. Ou seja, quase R$ 17 milhões por ano. Vamos dar esse subsídio. Não é justo esse rateio da passagem. Isso é pensar nas pessoas. Da mesma forma, o cidadão que vai procurar um médico, para ele não importa se está sendo atendido pela rede estadual, municipal ou particular. Ele só quer ser atendido rapidamente. Por isso, vamos procurar convênios com as estruturas da região. Por que não utilizar mais o Bethesda ou as clínicas da região? Precisamos fornecer a solução, não ser parte do problema.

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AN – Quais são as principais obras viárias que o senhor pretende fazer?

Kennedy – Para estudar o trânsito de Joinville, trouxe uma equipe de São Paulo, que, em dois dias aqui, analisou acessos, vias e identificou problemas. A equipe percebeu que uma série de mudanças simples iria melhorar e muito o trânsito da cidade. Essas medidas não são paliativas, se forem feitas de forma correta, e vão melhorar muito os acessos da cidade. Além disso, pretendo criar um acesso à zona Oeste pelo Vila Nova, com a abertura do eixo da Almirante Jaceguay, via Estrada dos Suíços. Mas a solução para o trânsito da cidade é um misto de elevados, túneis, rótulas e abertura de vias para os acessos de alto fluxo de veículos. Em conjunto com a população, iremos identificar os lugares que mais precisam dessas modificações e faremos. Mas a medida precisa ser feita junto com o incentivo do transporte coletivo e, para isso, iremos criar uma gerência de mobilidade e acessibilidade na Seinfra, para cuidar do trânsito, transporte coletivo e acesso de escolas. Também são necessários investimentos pesados em drenagem e pavimentação, com a implantação de outorga onerosa em regiões especiais para que isso facilite o processo de desapropriações e acelere o processo de construção de novas vias e duplicações.

AN – Mesmo tendo um grande orçamento, a Prefeitura sempre tem dificuldades de investimento. Da onde sairiam os recursos para essas obras?

Kennedy – Diminuindo cargos comissionados e tendo a obrigatoriedade de existir um percentual de cargos de carreira. Porque, quando se coloca um servidor em uma função gratificada, acaba saindo mais barato do que colocar um de fora. Mesmo que tenha incorporação, isso é lá na frente. Nós também temos capacidade de aumentar nossa receita e isso diluiria o percentual de gastos com salários. Você não pode cortar de áreas essenciais. Você precisa dar ao funcionário a função e cobrar dele o resultado. Vamos criar metas e avaliação para cada funcionário, como qualquer empresa. Com isso, todo servidor irá conseguir atender bem ao nosso cliente, que é o contribuinte.

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AN – Pensa em outro setor que possa ter parceria público-privada?

Kennedy – Claro que sim. As PPPs devem ser ampliadas para além do transporte público e do esgoto. Acredito que no município a gente ainda possa aplicar as parcerias com exames laborais e consultas para especialistas. Mas há locais que não podem ser feitos, como em qualquer coisa que envolva água, elemento básico. Nem para tratamento ou distribuição de água aceito PPP.

AN – E quanto à organização social (OS) administrando hospitais, o senhor é favorável?

Kennedy – Já fui um crítico ferrenho das OSs, principalmente quando a maternidade Darcy Vargas foi entregue para a iniciativa privada administrar. Mas com o tempo e com uma análise cautelosa ao trabalho que foi feito ali, acabei revendo minha posição pouco a pouco. Agora, penso que a OS deve ser discutida. Os funcionários têm medo desse sistema, mas isso deve ser debatido melhor. O público precisa ser atendido e, sendo uma OS, o hospital tem vantagens como não precisar passar pelo processo de licitação. Logo, nós temos que mudar nossa cultura. Pegando o exemplo da maternidade, lá se produz mais com os mesmos recursos que o governo do Estado repassava antes.

AN – O senhor tem alguma meta que pretende atingir no saneamento?

Kennedy – O município tem um planejamento já construído nessa questão do saneamento que precisa ser continuado. A Prefeitura tem um grande financiamento que começou a ser contratado lá atrás e agora o esforço é para utilizar todos os recursos para as obras no menor tempo possível. Enquanto isso, precisamos nos esforçar para buscar mais investimentos e aumentar a taxa de cobertura da rede de esgoto. O objetivo é conseguir cobrir toda cidade com saneamento.

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AN – O senhor pretende fazer reforma administrativa?

Kennedy – Nós vamos acabar com as secretarias regionais. Não há sentido para que essas estruturas funcionem. No lugar delas, vamos criar algo que se aproxime das pessoas, que serão as subprefeituras. Definimos seis regiões da cidade, por tamanho, para que essas estruturas consigam agir de forma mais adequada. Além disso, estamos estudando a possibilidade de fundir secretarias ou parte delas, principalmente aquelas que têm serviços semelhantes. Há muita burocracia na administração municipal e isso, como o conceito de contribuinte para cliente, precisa ser mudado.

AN – Como vai fazer para subsidiar o transporte coletivo?

Kennedy – Além dos R$ 0,35 centavos que iremos poupar pagando as gratuidades, pretendemos ir, gradualmente, criando formas para diminuir a tarifa, como implantar a tarifa-família, que fará a oferta da passagem para o transporte coletivo aos domingos a valores menores dos que são praticados nos demais dias da semana. Também precisamos aprovar a lei do subsídio que obedeceria às regras do Plano Nacional de Mobilidade Urbana.

AN – No plano de governo, o senhor fala em criar uma guarda municipal. Como funcionaria isso? Qual seria efetivamente o papel dela?

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Kennedy – A guarda municipal vai cumprir seu papel, que é guardar o patrimônio público. Não é agente de trânsito. É para cuidar do nosso patrimônio. Com essa guarda municipal, eu reduzo os recursos que eu tenho hoje com a terceirização, monitoramento de câmeras. A guarda municipal tem o papel de ajudar na segurança pública. E eu ainda acredito que a segurança pública será municipalizada como foi a saúde e a educação. A municipalização da segurança pública começa pela guarda municipal e nós faremos isso.

AN – Essa guarda seria armada?

Kennedy – Não podemos só pensar que a Polícia Militar tenha que fazer a guarda. A PM tem que fazer o treinamento ostensivo, prendendo o ladrão. Agora, nós precisamos prestar esse serviço porque segurança é direito de todo o cidadão. A guarda municipal é uma forma do município se comprometer com a segurança. Eu defendo armada, nem que seja aquela arma de choque. Com a guarda, haveria redução de crimes.

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