Claro que mexe no brio do policial chegar até sua delegacia e descobri-la arrombada e furtada. Deve sentir a mesma frustração, raiva e sensação de insegurança que qualquer cidadão sente na mesma situação, ou até mais.

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Ele, policial, sabe que o abuso, a falta de respeito do ladrão que não se intimida em invadir uma delegacia se dá por conta da legislação que parece feita de encomenda pelo crime.

Ele, policial, sabe que mesmo quando um bandido com dezenas, isso mesmo, dezenas de passagens pela delegacia, é finalmente condenado a uma pena de reclusão em regime fechado – um assassino, por exemplo, ou latrocida – ele logo estará solto mesmo que a pena seja longa. A lei é mais vagabunda que o vagabundo. Poupem-me de comentários politicamente corretos, por favor.

Há assuntos que cansam. O Código Penal Brasileiro é de 1940, já sofreu remendos e enxertos, mil vezes prometeram um novo código, mil e uma não cumpriram. Os legisladores têm mais o que fazer, parece. Aliás, têm: torcer para não estarem na próxima lista de delação e/ou prisão.

Enquanto isso, no Brasil real, bandido desrespeita a polícia, o Judiciário e a sociedade, não poupando sequer o sofrido e maltratado usuário do transporte público de Blumenau que, depois de abandonado por duas semanas, agora amarga o sofrimento adicional e perverso de ser assaltado no itinerário. Bandido não faz distinção social.

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Resta a vizinhança solidária, surgida da necessidade de autoproteção. E aí chega ao que a coluna, sem ser inédita, defende há muito tempo: ou nos abraçamos ou nos entregamos. O abraço não se restringe a nós, ele envolve a polícia, tão vítima da legislação frouxa quanto qualquer um de nós. Ainda estamos dispersos.

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Não te falei?

Foto: Gilmar de Souza, Agência RBS, bd, 16/1/2013

Conhecidos meus subiram o Vale durante a semana, visitaram Ibirama, Presidente Getúlio (foto), Witmarsun e Vitor Meirelles. Voltaram deslumbrados com tudo, paisagens, sabores, aromas e cores. Conheceram gente como a gente pensa que não existe mais, outro ritmo, outra visão de mundo.

Voltaram deslumbrados, empanzinados de uvas e apressaram-se a mandar mensagem para a coluna: “tinhas razão, vale mesmo!”

Promete briga

Aposentados do Brasil, atentai para a proposta de reforma previdenciária anunciada pelo governo, “é uma barbárie”, segundo o senador ainda petista – ele está para sair – Paulo Paim:

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– Na verdade, trata-se da retirada de conquistas da nossa gente, o que é inaceitável. Propor a idade mínima de 65 anos para efeito de aposentadoria para homens e mulheres, desvincular o salário mínimo dos benefícios previdenciários, querer aprovar projetos como o da “terceirização”, que não respeita a atividade-fim, e ainda o famigerado “negociado sobre o legislado”, que permite que a negociação prevaleça, desrespeitando a lei, nem a ditadura e os liberais do passado o fizeram.

Os últimos

Foto: Valther Ostermann, Agência RBS

A Anatel exige que as concessionárias restaurem e mantenham os telefones públicos, mas quem, além dos vândalos, ainda se interessa por um deles? Hoje em dia até quem não tem telefone celular usa telefone celular, e nem me pergunte como. Para os vândalos é uma festa, vê se encontra em Blumenau um orelhão intacto, inteiro, funcional! Encontrou? Não diga onde, os depredadores estão de olho.

Orelhões estão em extinção, logo a Anatel desiste. No fundo é uma pena, pois até que combinavam com a cena urbana, como esse aí.