Na presidência da República Lula não teve oposição, pelo menos a oposição selvagem que comandou quando na oposição. Passou tranquilo pelo Mensalão, um escândalo que derrubaria reinados. Alguns até foram condenados, mais por iniciativa do então presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, que por disposição do Supremo. Passou longe, porém, da figura de Lula, cujo governo era o maior beneficiado. Os tucanos, tão elegantes, tão classudos, foram mais tucanos que nunca, apostaram no desgaste. Quebraram a cara.
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Na presidência da República Dilma tem oposição, mas não a oposição selvagem de seu partido quando era oposição. Os tucanos ressentidos – a turma do Aécio, notadamente – só pensam naquilo, o impeachment. Claro que houve um descarado estelionato eleitoral, Dilma mentiu pesado na campanha, está fazendo tudo o que disse que o Aécio faria, algo que até Lula reconhece. Mas o tucanato, que amarelou quando teve na mão a oportunidade de lutar pelo impeachment do presidente Lula, virou partido de um assunto só.
Enquanto isso, angustiado, o Brasil continua aguardando o desfecho da brigalhada, sabendo que todo resultado será ruim. A oposição não apresenta um projeto para o país e o governo só tem projeto de poder e dele não abre mão. E assim entraremos no novo ano. Sem governo, sem oposição, sem rumo e sem líderes. Resta a esperança no combate à imensa corrupção, dependente da disposição de um juiz e seus paladinos; os partidos políticos não são parceiros, são críticos por motivos óbvios. Mas aos corruptos condenados em primeira instância ainda resta a esperança de tudo se arrumar no Supremo. E para nós?
Mas ó: reconhecer que o momento é ruim faz parte do processo de mudá-lo. Não considere, pois, que a coluna de hoje está depressiva. A gente sai dessa, uma hora teremos que sair, mas fazendo força porque ninguém lá de cima fará por nós. E se, como ensinam os chineses, crise é sinônimo de oportunidade, então vá fundo e aproveite a sua.
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Perigo
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Tem que aproveitar
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Úmido
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Nosso calor é tão úmido e tão calor que basta a gente se distrair que o mato cresce. A obra da margem esquerda de Blumenau, por exemplo. Das pedras nasceu muito verde. Nada que atrapalhe quando a obra for retomada. E cá entre nós, ficou mais bonito assim.
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