Com o valor de dois contratos pagos pela Secretaria de Justiça e Cidadania para a locação de bloqueadores de celular em duas unidades, seria possível comprar este tipo de equipamento para todo o sistema prisional de SC. A constatação é do Ministério Público, autor da ação civil que levou ao bloqueio dos bens da secretária de Justiça, Ada de Luca e outros cinco réus.

Continua depois da publicidade

O Tribunal de Justiça acatou a manifestação do MP de que houve superfaturamento e direcionamento em licitação pública para contratação de serviços de bloqueadores de celular no Presídio Regional de Joinville e no Presídio de Florianópolis. A decisão é de 13 novembro. A informação foi divulgada no blog Visor de domingo.

O juiz Luiz Antonio Fornerolli, bloqueou R$ 582 mil em bens dos seis réus e determinou a Ada de Luca a imediata realização de novo edital para a compra, em 60 dias, de bloqueadores para as duas unidades sob pena de multa pessoal no valor de R$ 1 mil por dia de atraso.

Para o promotor Aor Steffens Miranda, os réus agiram com dolo no ato de improbidade administrativa, ou seja, sabiam que estavam prejudicando alguém, no caso, os cofres públicos.

Continua depois da publicidade

Conforme o promotor, as provas documentais demonstram direcionamento da licitação. Depois de desistir da inexigibilidade de licitação, a SJC copiou, em detalhes, a descrição técnica dos equipamentos ofertados pela empresa Polsec e transcreveu no edital.

Sobre o superfaturamento, o promotor observou que a SJC locou os bloqueadores da Polsec para as duas unidades cujo valor mensal de apenas um aluguel equivale aproximadamente a compra de um equipamento.

_Não fiz denúncia porque, por problemas de estrutura, temos que evitar que o prejuízo ao Estado se agigante. Quis estancar a sangria do contrato. Mas não descarto ação penal_concluiu o promotor Miranda.

Continua depois da publicidade

Contrapontos

Ada Lili Faraco de Luca (Secretária de Justiça e Cidadania) _ A orientação no gabinete da secretária Ada de Luca é para o consultor jurídico Lauro Machado Linhares falar a respeito da ação. Linhares informou que a SJC não está ciente oficialmente nem extraoficialmente da ação que está em curso e que está sendo noticiada. Linhares disse que assim que Ada de Luca chegar de viagem a Criciúma, ela vai se inteirar sobre o assunto.

Addo Luiz Faraco Guimarães (Diretor Administrativo e Financeiro da SJC) _ Funcionário do gabinete informou que Guimarães estava em reunião. Outro funcionário disse que ele estava em uma unidade prisional. A reportagem deixou recado e contato em seu gabinete, mas até as 19h, Guimarães não havia retornado o recado.

Luiz Tadeu Chiarioni (Gerente de Licitações e Contratos) _ A SJC disse que Chiarioni não é mais gerente de Licitações e Contratos há um mês. A secretaria não soube informar o contato de Chiarioni.

Continua depois da publicidade

Indianara Tavares Pinto da Silva (Gerente de Tecnologia da Informação e Governança Eletrônica)_ A gerente Indianara informou que a ação não tem nenhum fundamento, que a SJC agiu com transparência seguindo os princípios legais do edital e os princípios técnicos estipulados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Polsec Indústria e Comércio de Equipamentos de Segurança Ltda _ A reportagem tentou contato, mas ninguém atendeu às ligações no telefone da empresa.

Magda de Oliveira Queiroz (Representante legal da Polsec) _ A reportagem tentou contato, mas ninguém atendeu às ligações no telefone da empresa.

Continua depois da publicidade