Enquanto outros setores da economia sofrem com a crise, a agropecuária catarinense obteve um desempenho surpreendente em 2016. Neste ano, o Valor Bruto de Produção (VBP) é estimado em R$28,8 bilhões, crescimento nominal de 16,2% em relação a 2015, e de 3,5% ao descontar a inflação do período. Em 2015, os preços ao produtor haviam aumentado 2,8% ante 2014, com uma inflação de quase 7%. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, em coletiva de imprensa na sede da Epagri, na Capital.

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O cenário nacional, contudo, é bem diferente. O VBP brasileiro deve alcançar R$ 519,3 bilhões, queda de 2,5% no paralelo com 2015, segundo estimativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

O bom resultado em SC se deve ao aumento de preços em 12 dos 20 produtos mais importantes da agropecuária no Estado. Enquanto a quantidade produzida cresceu 1,60%, os preços subiram 14,40%.

E o que provocou a queda nacional foi justamente um dos motivadores do bom desempenho catarinense. As secas, especialmente no Centro-Oeste e no Nordeste, tiveram efeitos nefastos para a safra de grãos. Com a oferta reduzida, os preços pagos aos produtores catarinenses aumentaram.

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Além disso, a forte desvalorização cambial, especialmente no primeiro semestre, favoreceu as exportações, que também cresceram por aqui. O Estado detinha 33,7% das exportações nacionais de produtos animais no ano passado (sendo mais de 23% de carne de frango) e outros 17,3% dos de origem vegetal.

A pecuária respondeu por cerca de 60% do valor de produção catarinense neste ano, e o maior destaque foi o leite, com aumento de 40,8% no VBP, graças à queda na oferta brasileira observada desde 2015. O frango também teve um incremento importante, de 19%.

Já a carne suína registrou queda de 1,8% por conta do menor valor dos animais abatidos. Os suinocultores também sofreram ao longo do ano com o aumento nos custos de produção, especialmente pelo encarecimento do milho. Apesar disso, as exportações de janeiro a novembro alcançaram U$S 481 milhões, enquanto para o mesmo período de 2015 somaram de U$S 389 milhões.

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Na agricultura, os altos preços compensaram a redução de volumes produzidos, tanto para grãos quanto para lavouras temporárias. Geada e excesso de chuvas prejudicaram diversas culturas. O milho e a mandioca, entretanto, tiveram menor produção por diminuição na área plantada.

Para o Secretário de Estado da Agricultura e da Pesca, Moacir Sopelsa, o bom desempenho do segmento se deve, em parte, às exportações, impulsionadas pela abertura de novos mercados (como Japão e China). Só para a China, as vendas de carne suína cresceram 3000%, de acordo com dados da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc).

Projeção para 2017

Para Tabajara Marcondes, da Epagri, dificilmente o bom resultado da agropecuária catarinense se repetirá, neste mesmo nível, em 2017, já que os preços estão esticados ao limite e os demais indicadores econômicos não são favoráveis.

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Em nível nacional, de acordo com o Mapa, é previsto crescimento real do VBP de 8,3% para o ano que vem. A projeção é atribuída, principalmente, às perspectivas favoráveis de algodão, feijão, milho, soja e arroz.

Agropecuária em 2016

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