Gostaria de contar a história dos índios carijós que ajudaram a povoar esta Ilha antiga. Uma família da qual eu tenho orgulho de fazer parte. Anos atrás, a Ilha era conhecida como Meiembipe, depois recebeu o nome de Desterro e agora é chamada de Florianópolis.
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Adauto (E) e os irmãos em uma das festas da família
Na primeira imagem, estão os últimos descendentes dos carijós que foram se miscigenando com brancos e negros. Foi tirada nas cercanias da freguesia de Santo Antônio de Lisboa. Pelas minhas pesquisas, sei que fomos os últimos indígenas da região. Na época, deveríamos ter donos ou amos, aos quais obedecíamos e prestávamos serviços para os familiares – éramos explorados como sempre.
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As irmãs Nair, Juraci e Juça posam para fotografia com a mãe Aracy
Um acontecimento importante: para que fosse feita essa foto, nos deram essas roupinhas brancas para que ficássemos parecidos com os brancos. Note com atenção: o nariz da minha mãe Aracy (E) e a nossa avó Francisca (D) era bem largo.
Quando já estávamos grandinhos, nossa avó foi morar mais perto do centro da cidade para trabalhar em uma casa de família.
Ali nos apresentou a morada dos brancos que já tinha banheiros. Detalhe: ela nunca fez uso “dessas facilidades”. Até o último dia de sua vida, ela fazia as necessidades em pé, às escondidas, no lado de fora da casa ou no mato. Era difícil para ela conviver com esse tipo de modernidade.
Tivemos uma infância como a de todas as crianças da época. Florianópolis era algo parecido com uma grande chácara, um verdadeiro paraíso. Era, é e sempre será a paixão da minha vida.
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Durante toda a vida fizemos muito esforço para nos tornarmos parecidos com os nativos da Ilha. Todos os filhos de minha mãe estudaram, tiveram suas profissões e hoje estão aposentados. Sou muito feliz porque todos os seis filhos de minha mãe estão vivos e somos muito unidos.
Para participar
O espaço O passado valeu a pena é publicado todos os domingos, com a colaboração de leitores. Para participar, basta enviar uma foto antiga que marcou a sua vida e contar em até 20 linhas sobre as lembranças que aquela imagem lhe traz. O telefone para contato é (48) 3216-3943 e o e-mail é diariodoleitor@diario.com.br.
As colaborações podem ser enviadas também por carta, para o endereço SC-401, nº 4.190, torre A, Bairro Saco Grande, Florianópolis. O CEP é o 88032-005. A participação é gratuita.