Valeu a pena: o tempo em que eu era feliz e sabia

Dilma Pereira Duarte

Policial civil, moradora de Florianópolis

Nossa! Lembro-me como se fosse hoje o dia em que tiramos a foto abaixo. Saímos um dia antes para comprarmos estas roupas que seriam “de domingo”. Morávamos em um sítio em Tubarão, no Bairro São João. Filhos de militar severo, vivíamos com o essencial e verdadeiramente importante em meio à fartura de animais, frutas, verduras e, claro, muito amor. Detestava ter que esperar a irmã mais velha deixar o calçado para que eu fosse a próxima a usá-lo (eu era a sexta filha), logo; tinha que usar o dos meninos.

Fazer o quê? Exclusivamente nesta foto, minha mãe aparece por inteiro, pois sempre “cortava” sua cabeça, justificando que seus filhos eram lindos e ela, feia. Ela faleceu aos 42 anos. Acordava muito cedo, mas reservava um momento do dia para sertar-se conosco na escadaria da casa para “cheirar” suas crias amadas.

O “Alain Delon”, como ela chamava meu pai, também tinha sua horinha de chamego. Ele sempre a deixava ruborizada quando suas mãos ousadas eram flagradas por olhinhos curiosos e desnecessários naquele momento. Foi um guerreiro bravo, pois para controlar aqueles diabinhos só abaixo de muita ordem e fiéis escudeiros. Havia hierarquia até entre os filhos. Sinto pena do Plínio, que só conseguiu mandar nas galinhas, nos patos, nos coelhos e nos cachorros – risos.

Eu era feliz e sabia, mesmo calçando sapatos de meninos às vezes um pouquinho maiores e trajando roupas recicladas. O bom mesmo eram os aniversários. Um, dois por mês. Ki-Suco, bolo e docinho – tudo feito em casa. Meu grande homenageado com esta passagem da nossa história, é o mano Plínio, que no momento se recupera de uma enfermidade e portanto precisa de um “cheiro”.

Para participar

O espaço O passado valeu a pena é publicado todos os domingos, com a colaboração de leitores. Para participar, basta enviar uma foto antiga que marcou a sua vida e contar em até 20 linhas sobre as lembranças que aquela imagem lhe traz. O telefone para contato é (48) 3216-3943 e o e-mail é diariodoleitor@diario.com.br. As colaborações podem ser enviadas também por carta, para o endereço SC-401, nº 4.190, torre A, Bairro Saco Grande, Florianópolis. O CEP é o 88032-005. A participação é gratuita.