Luiz Carlos Marvila
Professor aposentado, autor do livro Pacato Cidadão, morador de Florianópolis
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Por obra e graça do Divino Espírito Santo, tive um encontro memorável com os Doces Bárbaros, em Curitiba, terceira cidade visitada na turnê nacional do show antes da hora do espanto (a prisão de Gil), em Florianópolis, em 1976.
Eu morava na Casa do Estudante Universitário, frequentava o curso noturno de Letras-Português na Universidade Católica do Paraná, trabalhava durante o dia na prefeitura no cargo de lançador de tributos e era amigo de Verinha Walflor, a assinatura de bons espetáculos no Teatro Guaíra desde sempre.
Assumi uma espécie de assistência de produção local não remunerada por extrema admiração a Gilberto Gil, Gal Costa, Caetano Veloso e Maria Bethânia. Era comum, na época, fãs escravizarem-se por seus ídolos. No Rio de Janeiro, Gal mantinha um séquito de fãs ao seu redor, dispostos a morrer por ela.
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Do meu encontro com os Bárbaros ficaram como recordações a doçura de Nicinha (irmã adotiva de Caetano e Bethânia e camareira do grupo). Com ela, fui a um brechó da cidade para mudar o figurino do grupo, por causa das noites friorentas do inverno curitibano. Fato que não resistiu ao calor do quarteto e aos aquecedores de ar logo colocados no palco.
De Maria Pia, a secretária de Gal, e de tia Léa Millon, a secretária de Bethânia, ficou a rivalidade ensaiada entre as duas cantoras, uma espécie de Marlene e Emilinha da nossa época. De Gil e Caetano ficaram os jantares pagos para toda a equipe nos diversos restaurantes da cidade.
De Bethânia ficou o interesse em mudar de hotel, por causa da atmosfera gelada de seus aposentos – fato consumado para ela, Gal e Caetano. Gil preferiu ficar no primeiro hotel onde estavam hospedados com os músicos.
Na “cidade amada” reverberam ainda o brilho da produção, a modernidade do canto, da atitude e do repertório; a magia do momento, a perenidade registrada nos anais da história.
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