A década de 1960 foi uma marco em minha vida. Casamento, filhos, ou seja, a formação da minha família. Meu lazer principalmente nesta época, morando na Rua Major Costa, no Centro de Florianópolis, era sempre torcer – principalmente por influência das rádios cariocas – por um time do Rio de Janeiro. E pra não fugir à regra, sempre fui torcedor do Clube de Regatas Vasco da Gama. Tudo que era do clube eu comprava, não só pra mim, mas para meu filho também. Fizemos muitas viagens para o Rio de Janeiro para ver as decisões de campeonatos. Então, eram uniformes, bandejas, copos, flâmulas etc. E assim cresceu mais um vascaíno.

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Na primeira imagem, Walter Lemos, aos 25 anos, com o filho Walter aos dois anos e, na segunda foto, a imagem atual dos dois

Tenho muita saudade daquela época. Onde eu morava, todos meus vizinhos, inclusive a família do seu José dos Santos, eram todos flamenguistas e – como eu – doentes. Era uma relação muito legal: Odanir, Nei, Orildo, além de sobrinhos e netos eu. Quando um dos dois times perdia, chegávamos a mudar de trajeto para evitar gozação. Não me lembro nestes anos todos de uma briga, agressão, nada. Torcíamos por paixão, mas existia o respeito pelo ser humano.

O tempo passou, nossos times da Capital começaram também a se desenvolver e crescer. O amor pelo Vasco passou. Hoje somos uma família alvinegra que, por coincidência, também é o grande amor dos meus antigos vizinhos da família Zé dos Santos. Mas com uma grande diferença: hoje infelizmente o respeito pelos diferentes torcedores não existe. São brigas e mortes quase que constantes… Não existe o romantismo do futebol daquela época, das rádios Tupi e Globo. O futebol se profissionalizou. Mas em contrapartida perderam-se muitas vidas por causa de uma paixão que é para ser a alegria do povo.

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