Valesca Popozuda rebola e manda beijo para as inimigas quando sobe ao palco. Fora dele, defende que as mulheres se unam na luta por seus direitos e se assumam como “poderosas”, donas de seus próprios corpos e destinos. A contradição, no entanto, não impede que a cantora de 37 anos mantenha o posto de musa absoluta para muitos militantes dos movimentos feminista e LGBT.

Continua depois da publicidade

Talvez pela postura de quem não se importa com críticas, Valesca realmente tenha aprendido a não ligar. E a retrucar com simplicidade:

– O bom da música é isso, ver vários pontos de vista sobre um mesmo assunto – diz.

A carioca – que chegou a ser chamada de “grande pensadora da atualidade” em uma prova do ensino médio em Brasília – não tem mesmo com o que se preocupar. Desde que surgiu no cenário funk, em 2000, com o grupo Gaiola das Popozudas, ela vive o melhor momento da carreira. Sem medo de usar a voz para enfatizar suas verdades, aproveita a marola “girl power” para surfar em um mar de oportunidades. Beijinho no ombro pra quem a condena.

Os fãs que quiserem ver a popozuda de perto têm uma boa chance sábado (28): ela se apresenta no Skol Music Festival, em Itajaí, que traz no line-up atrações locais como Nego Joe e Helvéticos, entre outras.

Continua depois da publicidade

Em entrevista ao Anexo, Valesca falou sobre mudanças na carreira, funk e feminismo:

A Valesca da Gaiola das Popozudas é a mesma de hoje? O que você sente que mudou, tanto na música quanto na forma de pensar como artista?

Sou a mesma, com atitude e a luta de sempre, desde a época da Gaiola. O que concordo que mudou e continua mudando diariamente são as nuances do cenário musical, que a cada dia fica mais pop. Hoje, o funk é superpop, atinge todas as massas, e automaticamente tenho mais autonomia e liberdade para criar e transitar em outros lados.

O funk brasileiro está passando por um período de empoderamento feminino. Nas suas músicas é a mulher que manda, que toma as decisões, que se posiciona de maneira forte e poderosa. Acredita que o funk esteja se tornando o som porta-voz do feminismo no país?

Fico feliz em ver que o Brasil tem dado quase o mesmo destaque que alguns países dão para suas cantoras. Atualmente, nós mulheres temos conseguido colocar a voz pra fora, falar de nossos medos, criticar o que não concordamos. Isso causa espanto em alguns. Somos representantes de uma massa que ficou calada por muitos anos, e que agora luta.

Continua depois da publicidade

Para a Valesca Popozuda, o que é ser feminista? Se considera parte desse grupo?

Feminismo é não se calar diante das desigualdades. Eu sou dessas que fala o que pensa, e quando me sinto injustiçada: rodo a baiana sem descer do salto.

Apesar da pegada “girl power”, muitas das suas músicas falam da competição, desunião e “recalque” entre mulheres – o que é bastante criticado por muitas feministas. Não sente que o discurso é um tanto contraditório?

Vejo como liberdade de expressão. O bom da música é isso, ver vários pontos de vista sobre um mesmo assunto.

Acha que ter sido criada por mãe solteira e ter essa figura lutadora dentro de casa ajudou a formar a pessoa que você é hoje?

Continua depois da publicidade

Com certeza que sim! E posso falar? A maior feminista que conheço é minha mãe.

AGENDE-SE

O quê: Skol Music Festival, com Valesca Popozuda, Flora Mattos, Omulu, Nego Joe e Helvéticos

Quando: Sábado (28), 20h, no Centreventos Itajaí (Avenida Ministro Victor Konder, 303, Centro)

Ingressos: 1 kg de alimento não-perecível

Classificação indicativa: 18 anos