Colocar cada músculo à prova. Um dos trekkings mais famosos do mundo, talvez o mais conhecido do país, o roteiro pelo Vale do Pati, na Chapada Diamantina, centro da Bahia, pode parecer um “perrengue” para o corpo. Mas é também uma chance de desligar da rotina, colocar o sono em ordem, fartar-se em comida caseira e ter uma aventura para lembrar pela vida toda e contar para os netos.
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As opções em explorar o Pati variam, podendo partir de diferentes locais: Andaraí, Mucugê, Vila de Guiné ou Vale do Capão. O número de dias também depende, principalmente da disponibilidade da pessoa. Os mais apressadinhos podem fazer em três dias, e quem tem mais tempo para aproveitar pode partir de cinco dias em diante.
Mas nem só de suor vive o viajante da bela Chapada. Tem muita cachoeira nos percursos do Pati, de águas bem geladas, para descansar. O caminho exige bastante fisicamente, e a pausa em piscinas como a de Funis ou no Poço da Árvore fazem toda a diferença.
Em julho do ano passado, me joguei na brincadeira de quase 70 quilômetros em quatro dias. Para isso, contei com a ajuda de um guia local, da Associação dos Condutores de Visitantes do Vale do Capão (ACV-VC). Muitos desses condutores nasceram lá ou vivem há bastante tempo no Capão, conhecem bem os detalhes do Pati e te levam com segurança pela trilha. Integrei um grupo de outros três meninos, com quem dividi lanches, risadas e várias fotos.
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À noite, ficávamos na casa de pessoas que moram no Pati e vivem de hospedar quem se aventura a conhecer a vida no vale. O banho é gelado, as acomodações são simples, mas essa é a hora de se fartar no melhor da comida caseira. E dormir o sono dos justos depois do banquete.
O acerto é feito diretamente com o guia (e costumam variar entre R$ 80 e R$ 100 por dia e por pessoa). Já a hospedagem fica em R$ 80 e inclui jantar e café da manhã. Há opções de camping e acomodação sem alimentação, mas não aconselho deixar para trás a chance de provar os sabores e temperos locais e poder comer alimentos plantados na própria casa ou região.
Como foi meu roteiro:
1º dia – 22 quilômetros, com saída do Vale do Capão, percorrendo Gerais do Vieira e Gerais do Rio Preto.
2º dia – 15 quilômetros, que incluem subida ao Morro do Castelo (onde se tem uma das mais belas vistas do vale) e banho na cachoeira dos Funis.
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3º dia – 6 quilômetros, para “relaxar”, com banho no Poço da Árvore.
4º dia – 24 quilômetros, de retorno ao Capão, via Calixto, com passagem pela cachoeira de mesmo nome.
Dicas
Leve apenas o necessário na mochila (aqui fala uma pessoa que se “passou” um pouquinho e teve de contar com a paciência do guia em levar parte dos pertences, mais a boa vontade dos amigos de trilha, que se compadeceram e levaram minha mochila no último dia)
O que não parece necessário, mas é: um agasalho. Aí, há quem pense: “mas não é a Bahia?” Sim, mas faz friozinho à noite.
Os indispensáveis: protetor solar, repelente e botas de trekking já usadas (nada de usar calçado novo).
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Como chegar
Para chegar ao Vale do Capão via Salvador, é preciso pegar um ônibus para Palmeiras, na rodoviária da capital baiana. São aproximadamente sete horas de viagem. O preço da passagem, atualmente, é cerca de R$ 60. Em Palmeiras, vans ou kombis te levam até o vale por R$ 10, em 40 minutos de estrada de chão.