Se em 2012 o alvo da gripe A em Santa Catarina foi Blumenau e região, este ano a concentração de casos confirmados da doença e de mortes ocorre em Jaraguá do Sul e cidades vizinhas.

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Dos 374 casos confirmados no Estado, 96 são do Vale do Itapocu. Outro número que confirma a região como o local mais afetado é o número de mortos. Dos 27 pacientes mortos no Estado, dez são da região: três de Jaraguá do Sul, três de Guaramirim, dois de Corupá, um de Schroeder e outro de Massaranduba. O número de óbitos é maior do que o ano todo de 2009, que vitimou nove pessoas no Vale do Itapocu. Entre os anos 2010 e 2012 não foram registradas mortes.

O pneumologista Claudio Luis dos Santos diz que não existe uma explicação lógica ou técnica para o número elevado de casos na região. Ele acredita que a rede pública tem acompanhado melhor os casos, tem feito um diagnóstico mais aprofundado da doença, o que pode justificar o registro de mais casos.

– Acredito que aqui se fechou mais o diagnóstico que em outros locais – aponta.

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Segundo Santos, o crescimento do número de casos de gripe A na região pode ser considerado uma epidemia. Ele explica que em 2009 ocorreu uma pandemia mundial e nos anos que se seguiram ocorreram pequenos surtos epidêmicos. O especialista alerta que a melhor maneira para prevenir é a imunização.

– A vacina é o único método que confere uma redução do número e da gravidade dos casos. É preciso desmistificar esse pensamento que parte da população tem de que a vacina faz mal – constata.

A campanha nacional de vacinação ocorreu em abril e, em Jaraguá do Sul, a meta foi alcançada, atingindo 91,5% do grupo de risco. Em julho, a Prefeitura fez uma nova vacinação com 10 mil doses, que se esgotaram em três dias. A eficácia das campanhas se confirma quando são analisados os óbitos: dos dez que morreram, somente três tinham recebido a vacina por serem do grupo de risco.

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O pneumologista explica que mortes em pessoas protegidas ocorrem porque 50% a 80% dos vacinados desenvolvem imunidade contra o vírus. Todas as vítimas da região ou faziam parte do grupo de risco ou tinham algum problema de saúde. Essas pessoas têm mais ificuldade de formar anticorpos.

O médico esclarece que a vacina é um conjunto de vírus do último ano atenuados. A aplicação da vacina é feita para que o organismo desenvolva anticorpos e quando a pessoa tem o contato com o vírus selvagem terá uma melhor reação contra a infecção. Outra recomendação é procurar atendimento médico logo que apresentar os sintomas de gripe.

– O paciente com síndrome gripal aguda precisa ser tratado com antiviral (tamiflu) nas primeiras 48 horas. Esse medicamento evita a disseminação do vírus pelo corpo – explica.

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Ações preventivas para conter avanço da doença

Entre as ações tomadas este ano, além das doses extras de vacina compradas pela Prefeitura, o secretário de Saúde de Jaraguá do Sul, Ademar Possamai, destaca os trabalhos de orientação nas escolas. As unidades foram orientadas a deixar os ambientes arejados, utilizar materiais descartáveis, lavar frequente as mãos dos alunos e fazer uso do álcool em gel. Também foi recomendado que os pais agasalhassem os filhos e fornecessem garrafinhas de água individuais.

Na época com maior concentração de casos confirmados, entre julho e agosto, os pronto-atendimentos médicos ambulatoriais (PAMAs) também abriram em regime de plantão para atender às pessoas com sintomas da doença. Apesar de os números não terem se alterado nas últimas semanas, o secretário pede para que a população continue com os cuidados básicos.

Possamai disse que a secretaria não foi pega de surpresa com a epidemia da gripe A na cidade. Segundo ele, o Ministério da Saúde havia alertado para ocorrência de contaminação maior na região Sul do País.

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– Toda equipe estava acompanhado de perto essa situação. Sabíamos que teria uma incidência maior que em 2010, 2011 e 2012.

O secretário Possamai acrescenta, ainda, que para evitar que a gripe A volte a fazer vítimas no ano que vem na cidade, a Prefeitura pretende antecipar e intensificar as campanhas de orientação. Essas medidas preventivas ainda serão estudadas pela secretaria.