Dos 35 municípios com os menores índices de exclusão social, 13 ficam em Santa Catarina, 13 no Rio Grande do Sul e nove em São Paulo. Entre as cidades catarinenses que integram o estudo organizado por Alexandre Guerra, Marcio Pochmann e Ronnie Aldrin, e publicado pela Editora Cortez, oito estão no Vale do Itajaí.
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O prefeito de Rio dos Cedros, vice-presidente da Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí (AMMVI) e atual presidente da Agência Intermunicipal da Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos do Médio Vale do Itajaí (AGIR), Fernando Tomaselli, explica que o fato dos municípios terem uma relação próxima fortalece o vínculo e aproxima os resultados.
O mestre em Sociologia Política e professor do curso de Políticas Públicas da Univali, Eduardo Guerini, observa que é o processo de desenvolvimento econômico que repercute positivamente na qualidade de vida dos habitantes da região:
– O Vale do Itajaí e o Norte de Santa Catarina historicamente apresentam alto nível de industrialização, capacidade empreendedora e especialização de trabalhadores. As cidades ainda dispõem de uma oferta de bens e serviços públicos de forma a regular as formas de exclusão.
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Sobre o destaque de Pomerode, o especialista resume que a cidade se caracteriza como um município que consegue oferecer bens e serviços públicos que geram a qualidade de vida e igualdade destacáveis.
As cidades e a posição no ranking nacional
1º – Pomerode
13º – Ascurra
14º – Brusque
17º – Botuverá
24º – Indaial
26º – Blumenau
28º – Rio dos Cedros
34º – Timbó
“A colonização do Sul teve mais característica de povoação”, diz organizador da pesquisa
Em entrevista por telefone, o geógrafo e um dos organizadores do Atlas da Exclusão Social no Brasil: Dez Anos Depois, Ronnie Aldrin, falou sobre a metodologia da pesquisa e as influências históricas que fazem da região uma das mais igualitárias do Brasil:
Qual o principal objetivo na publicação do Atlas da Exclusão Social?
O atlas busca ser uma ferramenta para auxiliar tanto o gestor público, para pensar nas políticas que podem ser melhor adotadas e diagnosticadas em temáticas do município, quanto pesquisadores e estudantes. A comparação é importante pois é possível observar como a gente evoluiu e o contrário também. Em 2000, das 100 cidades menos desiguais do Brasil, 14 delas eram de Santa Catarina. Em 2010, este número subiu para 19. Ao passo que estados como o Rio Grande do Sul tinha 42 cidades, em 2000, e em 2010 passou a ter 37.
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Cidades menores aparecem em destaque na publicação. Qual a explicação?
Os municípios com menor população são muito mais sensíveis à política pública, bem como mudanças mais drásticas e positivas no mercado de trabalho, como por exemplo a implantação de grandes empresas no entorno. A região do Vale do Itajaí possui muitas indústrias têxteis e muita gente da cidade trabalha nos mesmos locais, nas mesmas empresas, então o salário costuma ser muito próximo, o que reflete no índice de menor desigualdade.
Historicamente a região Sul se sobressai em pesquisas que apontam índices de exclusão social?
Eu faço um paralelo com a colonização brasileira e a americana. Nós tivemos uma colonização exploratória aqui no Brasil. Se você olhar a colonização norte-americana, por exemplo, foi uma coisa de povoação, muitas famílias europeias migrando para morar nos EUA e desenvolver sua vida lá. Aí dá pra fazer um paralelo dentro do Brasil. A colonização do Sul teve mais esta característica de povoação do que de exploração. A gente vê muitas regiões que foram exploradas com consequências históricas de pobreza e exclusão até hoje. Então, muitas família que vieram da Alemanha, Itália, Polônia e Rússia migraram já para trabalhar, vieram com sua cultura de agricultura, de produção e por isso a região Sul se destaca das demais.