Após o veto do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) à segunda edição do Fundo de Apoio aos Municípios (Fundam), as prefeituras do Vale do Itajaí iniciaram uma corrida para buscar recursos prometidos desde o fim do ano passado pelo governo do Estado. Sete cidades (Blumenau, Indaial, Rio do Sul, Timbó, Pomerode, Gaspar e Itajaí) projetavam um aporte de R$ 62,6 milhões, que foi descartado no fim da semana passada. Isso porque o banco – que é a fonte da verba – entende que o valor pode ser utilizado apenas em obra estruturantes, voltadas ao desenvolvimento econômico e turístico de Santa Catarina, o que brecou projetos de pavimentação e reurbanização de vias, previstos por alguns municípios.

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Em Blumenau, o recurso seria utilizado para tirar do papel o Centro de Convenções, anexo ao Setor 3 do Parque Vila Germânica. O município ainda tem esperança de que a verba venha – a alegação dos responsáveis é de que o projeto se enquadra nos critérios exigidos pelos técnicos do BNDES.

– Nós acreditamos que o projeto do Centro de Convenções não fica inviabilizado com o naufrágio do Fundam. Basta que o Estado nos enquadre no financiamento, e essa parte política fica a cargo do gabinete (do prefeito). Blumenau entende que essa obra é, sim, importante para a região e se enquadra nos critérios do banco – argumenta o secretário de Turismo e Lazer e presidente do Parque Vila Germânica, Ricardo Stodieck.

A mesma justificativa para buscar os montantes se estende para a prefeitura de Gaspar. O município entende que a obra do primeiro trecho do Contorno Urbano não é um projeto local, e sim um benefício à região. Como saída, o prefeito Kléber Wan-Dall (PMDB) enviou em regime de urgência uma proposta para obter uma linha de crédito junto ao programa Avançar Cidades, em torno de R$ 20 milhões. O regime, porém, foi derrubado pelos vereadores, que colocaram a proposta em trâmite comum. Para Wan-Dall, essa é a saída para aliviar o veto ao Fundam.

– Acredito que todos os prefeitos de Santa Catarina aguardavam o Fundam com ansiedade. A notícia é ruim. Péssima. Seria um recurso essencial para iniciarmos os trabalhos. Agora temos pressa (para aprovar o empréstimo). O recurso do Avançar Cidades é limitado. Quem chegar primeiro, leva. Então a gente tem uma atenção especial quanto a isso – explica.

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Já em Indaial a cobrança será pelo término das obras na Ponte do Warnow, chamada de Terceira Ponte. O prefeito André Moser justifica que a estrutura foi erguida pelo governo estadual e, portanto, cabe a ele terminar os trabalhos, que estão parados desde o ano passado. O município pleiteava R$ 4,8 milhões para tomar frente ao projeto e terminar a instalação da iluminação, pavimentação das alças de acesso e implantação da sinalização vertical e horizontal. Sem esse dinheiro, será retomada a pressão junto ao Estado.

– Nós finalizaríamos a obra, mas já que o recurso do Fundam não vem, esperamos que eles (o Estado) cumpram a promessa e terminem a obra – cobra Moser.

PREFEITO DE RIO DO SUL FAZ CRÍTICAS AO GOVERNO ESTADUAL

Com base no que já era divulgado a conta-gotas nas últimas semanas, o prefeito de Pomerode Ércio Kriek (DEM) diz que estava perdendo as esperanças em ver a verba do Fundam 2, mas admite que a situação ficou complicada após a negativa oficial.

– Por mais que já estivéssemos preparados para isso, ainda havia esperança. Agora apagou a vela. É uma situação difícil, pois foi um compromisso público, mas vamos tentar conversar com o secretário Paulo França para tentar algum caminho estadual antes do período eleitoral – disse o prefeito, que aguardava a verba para fazer a revitalização do trecho urbanizado da SC-110, que liga a cidade a Jaraguá do Sul.

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No Alto Vale do Itajaí, o prefeito de Rio do Sul José Thomé (PSDB) fez críticas mais duras ao governo estadual. Para ele, a decisão gerou uma revolta dos prefeitos que criaram expectativas após o anúncio ano passado:

– Os prefeitos perderam tempo, perderam dinheiro fazendo os projetos para o Fundam, e agora estão vendo tudo ir por água abaixo.

Após a negativa do Fundam, Thomé diz que pretende tentar incluir a revitalização da Estrada Blumenau em um pacote do Ministério das Cidades. Segundo o prefeito, há uma sinalização positiva de R$ 20 milhões para a cidade através de um programa federal, verba que serviria para a revitalização da estrada e também a ligação dos bairros Bela Aliança e Navegantes com uma ponte.

O prefeito de Timbó, Jorge Krüger (PP), disse via assessoria de imprensa que “lamenta a decisão”. O pepista pleiteava R$ 3,1 milhões para a pavimentação da Rua Tiroleses. Já Itajaí, que almejava a macrodrenagem nos bairros Nossa Senhora das Graças, Dom Bosco e São Judas e reurbanização das ruas Duque de Caxias e Aristides Palumbo (orçadas em R$ 10 milhões) informou por nota que “caso as intervenções custeadas pelo Fundam 2 não venham, serão realocadas em outras fontes de financiamento”.

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