Estar ao lado dele é como viajar pelo tempo. Em cada canto da casa, uma lembrança do passado leva à sensação de estar em uma loja de discos dos anos 60 com vinis e vitrolas por todos os lados. Valdir Finder, ou apenas Finder, é o dono de uma coleção invejável. Não só pelos “bolachões” do rock, mas também pelos aparelhos de som antigos no estilo toca-fitas, os dvds de filmes de faroeste, as histórias em quadrinhos do século passado, o primeiro cd dos Beatles a chegar no Brasil, assim como o de Celly Campelo em dueto com a mãe. Há ainda os filmes em formato super oito e outras tantas milhares de coisas dignas de serem guardadas. Assim é o mundo de Finder, onde nada fica velho: tudo vira acervo.
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– Eu sempre gostei de guardar tudo. Tudo o que passa pela minha mão, fica guardado com carinho – afirma, manuseando um dos discos dos The Jordans.
Na casa no bairro Glória, uma sala é reservada apenas para guardar as relíquias, mas elas se espalham pela sala, cozinha e quarto e, segundo Finder, já faltam lugares para tantas lembranças materiais. No seu museu particular, o conhecimento não é só visual.
Estar ao lado do joinvilense de 63 anos é como ter um enciclopédia nas mãos: cada peça tirada da estante acompanha uma explicação detalhada que faz conhecer um pouco mais dos “tempos da brilhantina”. Nomes de músicas, ano de gravação, história de artistas, funcionamento da aparelhagem. Tudo está fresquinho na memória. E ele faz questão de mostrar cada item, mas tome cuidado: afinal, não é sempre que se tem nas mãos uma raridade de Elvis Presley.
Aliás, é Elvis quem domina tanto a coleção como o colecionador. Finder é fã assumido do rei do rock’n’roll. Na prateleira, estão todos os álbuns do cantor americano e, na cabeça, todas as músicas. No ano passado, ele e a esposa foram aos Estados Unidos visitar uma das filhas e, de presente, ganhou um tour pela Graceland, a casa de Elvis Presley, em Memphis.
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Duas paixões
A paixão pelo rock nasceu nos anos 60, quando um amigo lhe apresentou alguns cantores da época. E foi ela quem juntou Finder e Ivone, em 1968, com quem é casado até hoje e tem três filhas e quatro netos.
– Nós dois gostávamos de rock e íamos dançar nas discotecas da época. Até hoje, gostamos do rock, nunca perdemos – conta, a esposa.
Mas além do lado amoroso, a música também sempre foi a base da sua profissão. Em 1965, com 17 anos, Finder entrou em contato com as gravadoras da época para receber catálogos de discos e logo se tornou o divulgador dos lançamentos em Joinville.
Hoje em dia, as canções roqueiras ainda tocam na vitrola de Finder, mas, nas suas palavras, são apenas hobby. Agora, Finder descobriu uma nova paixão: a música alemã. Desde pequeno, acompanhava o estilo musical nas festas em que ia com o pai, mas durante a juventude os acordeões foram trocados pelas guitarras.
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Quando casou, a admiração pela musica típica da Alemanha foi reacesa pelo sogro, que as ouvia diariamente. Em 1984, Finder foi convidado para auxiliar o radialista Ely Francisco em seu programa devido ao grande acervo de músicas típicas. O sucesso foi conquistado rapidamente e logo ganhou seu próprio programa. Se Joinville carrega o título de cidade germânica, sem dúvida Finder tem grande participação.
Atualmente, apresenta o “Jóias da Música Alemã”, aos sábados, das 8 às 10 horas, na Rádio Comunitária Nova Brasília FM (87,9) e, aos domingos, das 8 às 10 horas, o “Sucessos da Música Alemã” na Mais FM (103,1). Finder também comanda o programa de tv com exibição de clipes na TVBE e promove bailes tipicamente alemãs na cidade.
– Eu tento preservar essa cultura que é tão bonita, mas que às vezes é esquecida na cidade – diz. No final de agosto, lançou o DVD com uma seleção especial de músicas alemãs que podem ser comprados na loja Discolândia e Livraria Sinodal.